O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, receberá o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira, 29, às 12h, horário de Brasília, para uma reunião sobre o futuro de Gaza. O encontro acontecerá na Casa Branca, em meio a forte pressão da comunidade internacional para que o conflito na região seja encerrado.
Na última sexta-feira, 26, Netanyahu prometeu “concluir o trabalho” e “caçar” o grupo palestino radical Hamas em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele também teceu elogios ao republicano pelo bombardeio a instalações nucleares do Irã em junho. Apesar do premiê israelense não ter dado qualquer sinal de trégua, Trump pressiona por um cessar-fogo na guerra em Gaza. Na semana passada, ele afirmou que um acordo para o fim do conflito está pronto, mas não deu detalhes.
“Temos uma chance real de GRANDEZA NO ORIENTE MÉDIO. TODOS ESTÃO A BORDO PARA ALGO ESPECIAL, PELA PRIMEIRA VEZ. VAMOS REALIZAR!”, escreveu o líder americano na Truth Social, rede social da qual é dono, neste domingo, 28.
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Sinais de impaciência
Aliado histórico de Israel, os Estados Unidos dão sinais de impaciência com o prolongamento da guerra, às vésperas de completar três anos. Ainda na última semana, Trump se reuniu com lideranças árabes e israelenses para apresentar um plano de paz, e disse ter recebido uma “resposta muito boa”.
No entanto, Netanyahu afirmou que a proposta não foi finalizada e que o governo israelense ainda está “trabalhando nisso”. Em entrevista à emissora americana Fox News, o primeiro-ministro sugeriu que está disposto a conceder anistia aos membros do Hamas se encerrassem o confronto e libertassem os reféns. Acredita-se que apenas 20 dos 48 sequestrados mantidos pelos militantes ainda estejam vivos.
Embora tenham gerado expectativas de um cessar-fogo, nenhum dos encontros entre Trump e Netanyahu avançou para ao fim da guerra. Israel defende que é necessário manter as operações militares em Gaza até o aniquilamento do Hamas, enquanto aliados de extrema direita do premiê enxergam o conflito como uma forma de tomar controle da Faixa de Gaza e da Cisjordânia através de assentamentos judaicos.
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Anexação da Cisjordânia
A reunião ocorre semanas após Netanyahu aprovar o controverso plano de um território chamado E1, entre Jerusalém e o assentamento de Maale Adumim, condenado pela comunidade internacional. A retomada do E1 prevê a construção de milhares de unidades habitacionais, estradas e modernização da infraestrutura. A empreitada é estimada em cerca de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões). A medida pode tornar inviável a criação do Estado da Palestina e dividirá a Cisjordânia, isolando Jerusalém Oriental.
Netanyahu e Trump discordam sobre o futuro da Cisjordânia. Na última quinta-feira, 25, o presidente dos EUA disse a repórteres no Salão Oval que não permitirá que Israel anexe o país, advertindo: “Não. Não permitirei. Não vai acontecer. Já chega, é hora de parar agora”. Em clima de tensão, uma delegação de colonos israelenses foi até os Estados Unidos neste domingo em busca de uma reunião com Netanyahu. O objetivo seria pressionar o primeiro-ministro a desafiar o alerta de Trump contra a anexação.
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Isolamento internacional
Netanyahu enfrenta isolamento internacional em reflexo à escalada da violência em Gaza, onde mais de 45 mil pessoas foram mortas — 440 por fome, incluindo 147 crianças — desde a eclosão da guerra. Na semana passada, França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal reconheceram o Estado da Palestina como forma de fortalecer a solução de dois Estados e de condenar a catástrofe humanitária palestina. Mais de 140 países dos 193 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, reconhecem a Palestina.
A medida é condenada por Israel e pelos EUA — a missão americana, inclusive, vetou todas as resoluções do Conselho de Segurança sobre o futuro de Gaza. Ao subir no púlpito da Assembleia Geral das Nações Unidas, Netanyahu foi recebido com vaias e aplausos, reflexo da polarização sobre o conflito. Em protesto, algumas delegações, incluindo a brasileira, deixaram o recinto durante o discurso do premiê.
Em paralelo, o primeiro-ministro israelense é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI). Em novembro, a corte sediada em Haia, na Holanda, disse que encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu tem responsabilidade por crimes de guerra, incluindo “fome como método de guerra” e “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.