Sem terem sido formalmente notificados de que tiveram seus vistos de entrada aos Estados Unidos revogados por ordem do governo de Donald Trump, autoridades brasileiras têm se valido de um atalho para consultar, ainda que de forma artesanal, se suas permissões de entrada em território americano ainda são válidas. Segundo uma dessas autoridades ouvidas por VEJA, foi assim, por exemplo, que auxiliares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes souberam que suas autorizações de viagem simplesmente não existem mais.
O endereço eletrônico consultado por integrantes do governo Lula e do Judiciário é do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos e permite que se consulte, a partir de dados pessoais como nome, data de nascimento e número do passaporte, se os vistos emitidos por consulados e pela embaixada americana em Brasília seguem em vigor.
A exceção do procurador-geral da República Paulo Gonet, que foi informado da revogação de sua autorização de entrada nos Estados Unidos pela representação diplomática de Portugal, país do qual o chefe do Ministério Público tem nacionalidade, e de familiares do ministro da Saúde Alexandre Padilha, que foram notificados por e-mail da suspensão do visto, ministros do STF, do Superior Tribunal de Justiça e integrantes do governo Lula souberam apenas de forma extraoficial das represálias, em grande parte por informações da própria imprensa.
Foi a partir dos primeiros informes de que estariam da lista de punidos pelo que o presidente Donald Trump chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro que o site do governo americano passou a ser acionado pelas autoridades brasileiras para monitorarem seus status junto aos Estados Unidos.
Além da aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes e à esposa dele, Viviane Barci de Moraes, a revogação de vistos de entrada já atingiu oito ministros do Supremo, um do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-advogado-geral da União (AGU) José Levi, o atual AGU Jorge Messias, além de familiares dos juízes e de servidores que trabalham ou trabalharam diretamente com Moraes no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).