counter Sistemas de inovação ao produtor rural – Forsething

Sistemas de inovação ao produtor rural

Caro leitor, imagine que você é um pequeno produtor de soja do interior do Paraná. Seu negócio é familiar, foi passado de seu avô para seu pai, e de seu pai para você. Em sua terra já foi plantado cana, milho, amendoim, já foi criado gado e galinha, mas sempre de forma rudimentar, sem o advento da tecnologia. Com uma safra lucrativa, após duas empatadas, você entende que precisa virar a chave: é hora de investir. Após a leitura de nossa última coluna sobre inteligência artificial, você entendeu que essa tecnologia pode alavancar sua produção e te ajudar a atingir seu objetivo. Mas, por onde começar? Com quem devo falar? Minha cooperativa vende IA? Quanto custa? E esse investimento vai me dar retorno?

Você não está sozinho. Questionamentos como esses são comuns no meio agro. Muitas vezes escutamos sobre alguma nova tecnologia em algum canal de comunicação ou de um vizinho também produtor, mas sem muitos detalhes e dados. Mas tenho uma boa notícia: nesse jogo, é você que dará as cartas.

No agronegócio moderno e conectado, novos produtos e serviços surgem sempre. Startups desenvolvedoras de tecnologias têm acesso a um vasto conhecimento e podem entregar produtos e serviços personalizados para cada tipo de agricultor. No entanto, geralmente, elas não têm a capilaridade de mercado exigida para atingir os pequenos produtores. Aí é que surgem novas empresas e modelos de negócios capazes de fazer essa ligação entre os produtores e a tecnologia. Em algumas regiões, as cooperativas realizam esse tipo de conexão, ou até mesmo produzem a tecnologia.

E aqui não falamos apenas de tecnologia como algo caro e futurista. O gargalo tecnológico pode tanto ser proveniente da falta de: recursos financeiros (a) para um drone que vai fazer a gestão da sua lavoura por m² – e não mais por hectare – quanto pela escassez de recursos humanos (b) para implementar uma nova prática de agricultura regenerativa como a integração lavoura-pecuária- floresta, ou ainda de recursos de conhecimento (c) sobre a utilização de insumos biológicos para o seu planejamento de safra, por exemplo.

É fácil entender que a solução não está em criar tecnologias, mas sim em atender aquela específica dor do cliente. Sempre gerando lucro, pois sem lucro não há sustentabilidade. Como gosto de dizer em minhas palestras: “Quem manda é a demanda”. E é aí que você, produtor, dá as cartas. Hoje essas empresas inovadoras desenvolvem plano de negócios para atender a demanda específica do produtor, entendendo a demanda do produtor, estudando uma estratégia, analisando sua viabilidade e fazendo a ligação comercial. Como exemplo temos plataformas de previsão de safra para o produtor, sistemas integrados de dados, tecnologias de precisão, ferramentas de inteligência artificial, entre outras.

Continua após a publicidade

A mensagem final é clara: o produtor deve ser cada vez mais protagonista para o verdadeiro potencial da inovação no campo. As oportunidades do agro moderno não estão mais em simplesmente adotar tecnologias prontas, mas sim em preparar novos modelos de negócio personalizados, que tem a demanda do produtor no centro da estratégia. O próximo passo é interno: mapeie seus maiores desafios. É um gargalo na gestão, um custo elevado com insumos, ou a falta de dados para a tomada de decisão? Com essa dor identificada, leve-a ao mercado. Procure sua cooperativa, associação ou federação como um cliente que busca criar soluções rentáveis e sob medida, garantindo que cada inovação tenha fundamento e demanda, além de contribuir para o desenvolvimento de outros produtores que tenham as mesmas dores que você. Dessa forma, com ações coletivas, conseguimos fazer um agro cada vez mais forte!

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em doutoragro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.

Publicidade

About admin