Alguns nomes de peso da política brasileira, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Gleisi Hoffmann (PT), desapareceram dos resultados de busca do Instagram e do Facebook na manhã desta quarta-feira, 10. O sumiço provocou barulho, reclamações e até acusações de censura seletiva por parte da esquerda – o que não se confirmou, uma vez que representantes da direita também foram afetados pelo mesmo problema. Foi o caso de Nikolas Ferreira (PL) e Kim Kataguiri (União Brasil).
Em nota oficial, a Meta reconheceu o incidente e o classificou como “problema técnico”, que afetou temporariamente a ferramenta de busca. Na parte da tarde, a situação já havia sido regularizada. Segundo a empresa, a falha não atingiu conteúdos ou postagens diretamente — apenas prejudicou a visibilidade via busca, o que comprometeu marcações, curtidas e alcance.
O episódio escancara o grau de dependência da política brasileira em relação às redes sociais, hoje o principal canal de comunicação entre candidatos e eleitores. Segundo o TSE, mais de 80% dos eleitores brasileiros utilizam plataformas digitais para se informar sobre política, e pesquisas apontam que o Instagram é a rede mais influente para formar opinião entre jovens de 16 a 24 anos. Além disso, deputados e senadores concentram parte expressiva de seu engajamento em apenas duas plataformas — Instagram e X — que, juntas, respondem por mais de 90% da interação digital de figuras públicas no país.
Nesse contexto, qualquer instabilidade gera ruído político imediato e tem potencial de afetar a circulação de discursos, a mobilização de bases e a própria campanha eleitoral. O episódio reforça a necessidade de diversificação dos meios de comunicação — inclusive oficiais, robustos e independentes — e expõe o tamanho do poder das plataformas em um cenário de “apagão”, no qual a simples indisponibilidade temporária de uma ferramenta pode comprometer a visibilidade de lideranças públicas e, em última instância, o debate democrático.
