Sinner venceu Alcaraz no ATP Finals neste domingo, 16, no capítulo final dessa rivalidade hegemônica, pelo menos em 2025. Afinal, é incontestável a dominância da dupla no circuito: ambos venceram todos os Grand Slams nas últimas duas temporadas e vivem em um mundo à parte no ranking mundial. Os dois se alternaram no posto de número 1 neste ano, e mais do que isso, protagonizaram frente a frente o melhor da modalidade, com classe, e o mais importante, com um tênis de alto nível.

Foram seis encontros entre o italiano e o espanhol neste ano, todos em finais. O fã de tênis assistiu à dupla ‘Sincaraz’ brigar pelos títulos de Roland Garros, Wimbledon, US Open, os Masters 1000 de Roma e Cincinnati, e, o mais recente Finals em Turim. Neste último, Sinner saiu com a vitória e 1500 pontos por defender o título do ano passado, mas foi Alcaraz quem terminou como número 1 do mundo. É um recorte que traduz o cabo de guerra entre os dois.
Apesar da unanimidade nos últimos anos, foi nesta temporada que a rivalidade se consolidou. Em 2024, os dois disputaram em números os principais títulos do circuito, mas sem grandes encontros entre si. Sinner conquistou seus primeiros Majors, com o Australian Open e o US Open, derrotando Medvedev e Fritz nas finais, respectivamente. Alcaraz ainda travou uma batalha com o incansável Djokovic para vencer em Wimbledon, e em Roland Garros bateu Zverev. A exceção foi no saibro francês, onde espanhol venceu o italiano em cinco sets na semifinal, em uma prévia do que estava por vim.
O começo da temporada também não colocou os tenistas em confronto direto. O espanhol caiu nas quartas de final do Grand Slam australiano para Djokovic, e viu na TV o italiano repetir o título. O vencedor, porém, ficou de fora das quadras pelos próximos três meses devido a uma punição por doping e neste período, Alcaraz venceu dois títulos. Mas, no retorno de Sinner os caminhos dos tenistas se cruzaram.
Rivalidade finalista
Foi no Masters 1000 de Roma que veio o encontro. Logo em uma final, no primeiro torneio de retorno de Sinner após a punição. Alcaraz chegou embalado das finais seguidas em Monte Carlo e Barcelona. A decisão na capital italiana foi um prelúdio dos próximos meses.
O dono da casa não estava 100%, e apesar do apoio da torcida, sucumbiu a sequência de Carlitos. 2 a 0 para o espanhol. Em seu discurso pós-jogo, Sinner reconheceu a superioridade do adversário e afirmou que Alcaraz era favorito para o próximo torneio, Roland Garros. O italiano pregou seu próprio destino.
A mesma história se repetiu no saibro parisiense em uma verdadeira epopeia na Philippe-Chatrier. O número 1 do mundo abriu 2 a 0 e teve 40 a 0 para fechar a partida. Do outro lado, porém, seu algoz ressurgiu para levar a partida ao quinto set e decretar uma das maiores finais do tênis em 5h29min. A virada deu o título a Alcaraz e a sede de vingança para Sinner.

A oportunidade veio no próximo Grand Slam. Novamente, a dupla repetiu a final, mas não o placar. Diante do público vestido de branco, um novo rei das gramas de Wimbledon foi coroado: Sinner venceu Alcaraz com ‘facilidade’, se é que é possível colocar como fácil o nível de jogo dos dois, para levantar o seu primeiro troféu do torneio.
O circuito exigente também pesou para os líderes do ranking. Ambos abriram mão do Masters 1000 de Toronto. Eles voltaram em Cincinnati, e sem novidades, fizeram a final da competição. Diferente do tempo recorde em Roland Garros, a partida se encerrou ainda no primeiro set, com a desistência de Sinner diante do calor e cansaço, problema este que acarretou a temporada de muitos tenistas.
Apesar da pedra no caminho do tênis bem jogado, eles deixaram o show reservado para o último grande palco. A decisão do US Open colocou os tenistas frente a frente, com um tempero a mais na disputa: quem vencesse o título também terminava o torneio como o número 1 do mundo. A bola caiu à favor do espanhol, que retomou a ponta pela primeira vez desde 2023.
Sinner e Alcaraz viveram um ano digno de roteiro de filme, com a crescente de uma rivalidade, suas batalhas e sempre com muito respeito pelo adversário e pelo tênis. O título do italiano no Finals foi o capítulo final de apenas o começo de uma história. E mesmo derrotado nesta última luta, Carlos já avisou ao adversário: “Eu espero que você esteja preparado para o próximo ano, porque eu estarei.”