counter Senadores brasileiros pressionam por adiamento de tarifa de Trump: “Não é razoável” – Forsething

Senadores brasileiros pressionam por adiamento de tarifa de Trump: “Não é razoável”

À medida que o relógio corre em direção ao dia 1º de agosto, data marcada para o início da taxação de 50% sobre uma série de produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, uma comitiva de senadores brasileiros se move pelos corredores do Congresso americano com um objetivo modesto, mas urgente: ganhar tempo.

“Estamos focando na prorrogação do prazo para início de vigência das tarifas”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Segundo ele, o prazo dado à diplomacia brasileira entre o envio da notificação formal,  em 9 de julho, e a data prevista para a entrada em vigor das tarifas é “absolutamente irreal”: menos de 30 dias.

Na manhã desta terça-feira, Wagner e outros parlamentares brasileiros se reuniram com o senador democrata Martin Heinrich, do Novo México, que manifestou preocupação com os impactos que as tarifas podem causar à inflação americana, especialmente no setor da construção civil. O motivo? A madeira brasileira. Heinrich foi direto: um aumento no custo da madeira vinda do Brasil pode pressionar os preços de moradias e reformas em seu Estado.

Santa Catarina, por exemplo, responde por cerca de um terço das exportações brasileiras de madeira para os Estados Unidos, desde compensados e painéis de MDF até portas, molduras e móveis prontos. “Um prazo razoável seria o mesmo que foi dado a todos os outros. Inclusive a China, que ganhou agora mais três meses”, defende o senador Esperidião Amin (PP-SC), também presente na missão.

Além da madeira, a lista de produtos brasileiros sob risco inclui café, frutas e outros itens agrícolas. “Todos eles sabem que isso vai doer no bolso de empresas brasileiras e americanas – pequenas, médias e grandes – e, quando mexe no bolso, as pessoas se mexem”, completou Wagner.

Continua após a publicidade

A comitiva brasileira também levou aos parlamentares norte-americanos uma carta-convite para visitar o Brasil, com o intuito de estreitar relações e demonstrar in loco os impactos da medida. “Com esse conteúdo, a gente entende que racionalmente ele poderá ser convencido de que essa é uma medida de perde-perde”, afirmou o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS).

A agenda do grupo ainda inclui reuniões com os senadores democratas Ed Markey (Massachusetts), Mark Kelly (Arizona), Chris Coons (Delaware) e Tim Kaine (Virgínia). Markey representa o estado com a maior comunidade brasileira nos Estados Unidos. Do lado republicano, apenas uma reunião está prevista: com Thom Tillis, da Carolina do Norte, um dos poucos republicanos que romperam com Donald Trump.

A iniciativa brasileira busca ganhar fôlego diante da constatação de que será difícil reverter a decisão americana neste momento. Ao menos, querem repetir o que Pequim conseguiu: uma extensão de 90 dias para negociar. “Dizem que tudo aqui acontece repentinamente”, disse Wagner, sem descartar, por enquanto, que o governo Trump possa ceder.

Continua após a publicidade

A bancada brasileira aposta na via mais pragmática possível: apelar ao bolso americano. Afinal, as tarifas podem até parecer uma boa ideia no discurso protecionista, mas, na prática, vão encarecer construções, reduzir margens de lucro e, inevitavelmente, respingar no eleitorado, algo que os congressistas americanos não costumam ignorar por muito tempo.

 

 

Publicidade

About admin