Preterido da relatoria do processo de indicação de Caio Trivellato para a direção da Agência Nacional de Mineração (ANM) na Comissão de Infraestrutura do Congresso , o senador Carlos Viana (Podemos-MG) revelou a VEJA os motivos que o levaram a ter se negado a colocar o assunto em votação no colegiado em dezembro de 2023.
Na época, o parlamentar retardou o processo e disse que não tinha condições de apreciar a indicação, já que Trivellato não havia apresentado os documentos necessários para a elaboração de seu relatório — e acabou destituído da função. Essa, no entanto, não era explicação completa.
Viana conta que tomou a decisão por ter recebido informações de que Trivellato e seu irmão, dono de um escritório de advocacia, estariam envolvidos em um suposto esquema de corrupção no setor de mineração.
O diretor da ANM foi um dos 22 presos no âmbito da Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, por suspeita de ter recebido 3 milhões de reais em propina para favorecer mineradoras em Minas Gerais.
“Eu reclamei com o Caio, na época, que ele não tinha entregado as certidões. E cheguei a questionar se era verdade o que ouvi a respeito dele e do irmão. Ele negou, mas eu não me dei por satisfeito com a resposta. Eu queria investigar a denúncia, porque minha fonte era boa”, afirmou o senador.
A recusa de Viana em votar a indicação de Trivellato para a cúpula da ANM acabou lhe custando o posto de relator do processo. A vaga foi ocupada por Carlos Fávaro (PSD-MG) que, naquele período, tinha se afastado do cargo de ministro da Agricultura por orientação de Lula para votar projetos de interesse do governo no Congresso e se prontificou a aprovar a indicação de Trivellato.
Pressões econômicas
Destituído, Viana fez questão de manifestar sua insatisfação durante a sessão que aprovou a indicação de Trivellato para a agência. Disse ele: “O Senado se tornou nos últimos anos uma Casa de cabeça baixa, em que todo tipo de pressão aqui infelizmente tem tido resultado. Entram aqui todas as pressões econômicas. Para ganhar dinheiro, se passa por cima de qualquer coisa. Um candidato que vem ao Senado e não apresenta nem a documentação total tem alguma coisa de diferente, ou tem um padrinho muito forte”.
Ex-diretor interino da ANM, Trivellato foi indicado ao posto principal por lideranças do PSD, partido da base do governo Lula. O nome dele contava com o apoio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), além do endosso do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).