Com um profundo declínio demográfico há mais de uma década, a Itália atingiu um novo patamar histórico em 2024, quando a taxa de fecundidade — a média de filhos por mulher — chegou ao seu nível mais baixo: 1,18. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 21, pelo Instituto Nacional de Estatística, o Istat. A chamada taxa de reposição, quantidade mínima de bebês por mulher para que não haja encolhimento populacional, é cerca de 2.
No total, 369.944 crianças nasceram em território italiano em 2024, uma redução de 2,6% em comparação ao ano anterior, quando o número de nascimentos registrados foi fixado em 379.890. Os dados indicam a manutenção da tendência de queda no número de nascimentos no país, em curso desde 2008.
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Segundo os dados preliminares de 2025, o movimento deve continuar na mesma direção, uma vez que o número de nascimentos registrados de janeiro a julho deste ano — 197.956 — foi 6,3% menor que no mesmo período do ano passado, quando 211 mil novos italianos nasceram.
Os dados divulgados pelo Istat apontam uma mudança na composição demográfica do país, onde mais de 24,7% de sua população agora é composta por indivíduos com mais de 65 anos de idade, e portanto fora da idade produtiva. A idade média dos italianos também subiu de 46,6 para 46,8 anos em 2024.
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A demografia é uma das principais preocupações do governo da primeira-ministra Giorgia Meloni. No poder desde 2022, a premiê tem tentado promover medidas para suavizar o iminente encolhimento de suas populações e seguir girando as engrenagens da economia. Entre elas, estão benefícios fiscais e apoio financeiro às famílias com filhos — iniciativas que, até o momento, não surtiram efeito, uma vez que a tendência de famílias sem crianças é movida por uma profunda mudança de hábitos e aspirações nestes tempos modernos. As mulheres estão com os pés bem fincados no mercado de trabalho, e as jovens gerações valorizam como nunca o conceito de liberdade.
Esticar a permanência das pessoas em seus empregos, tentar produzir mais com menos braços e empreender políticas amigáveis aos imigrantes, sobretudo os mais qualificados, estão no rol de medidas adotadas mundo afora para lidar com o escasseamento de gente em idade ativa. Relutante, a líder italiana, expoente da extrema direita contrária à ideia de preencher a lacuna estimulando a imigração, anunciou que quase 500 mil novos vistos de trabalho serão emitidos para cidadãos de fora da União Europeia (UE) no triênio de 2026 a 2028 como resposta à escassez de mão de obra.