O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai anunciar nesta quarta-feira, 17, sua decisão sobre a taxa básica de juros. A expectativa entre economistas e gestores consultados por VEJA é de que a Selic permaneça em 15% ao ano, com poucas alterações no comunicado. A análise dos economistas vai ao encontro da pesquisa Focus, que nesta segunda-feira, quem vem indicando manutenção da taxa de juros no atual patamar até o fim do ano. Depois da reunião deste mês, o colegiado volta a se reunir em novembro e, novamente, em dezembro.
Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, avalia que o BC deve manter os juros nesta quarta, mas mudar ligeiramente o comunicado. “Acreditamos que o Comitê vai fazer um pequeno ajuste na comunicação e afirmar que o cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado (ao invés de período bastante prolongado) para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz. Para ele, o ciclo de cortes deve começar apenas em março de 2026, com a Selic chegando a 13% ao fim daquele ano.
Na mesma linha, Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, avalia que a estratégia de juros parados tem funcionado, e ajudado a abaixar expectativas de inflação. “O Copom deve seguir com juros parados no nível corrente e promover poucas alterações no comunicado, antecipando novamente uma manutenção para a próxima reunião de novembro”, afirma. Ele pondera, porém, que o mercado de trabalho robusto tende a tornar o processo de desinflação mais lento.
Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos, afirma que a valorização do real e a entrada de capital estrangeiro ajudaram a conter a inflação no curto prazo, mas ainda não permitem cortes de juros. “A GCB projeta manutenção da Selic em 15% a.a. até o fim de 2025, com início de cortes graduais apenas em 2026, condicionados à reancoragem das expectativas e a maior consistência dos fundamentos fiscais e macroeconômicos”, afirma.
Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, o prolongamento da Selic, apesar de segurar a inflação, elevada tem efeitos claros sobre o crédito e o crescimento. “A Selic em 15% é uma escolha que dá previsibilidade ao combate da inflação, mas cobra um preço alto em termos de crescimento econômico”, diz.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, lembra que a economia já mostra sinais de desaceleração, com recuo da produção industrial, IBC-Br abaixo do esperado e varejo em queda. “Diante desse quadro, o Banco Central deve manter os juros em 15% na próxima decisão, avaliando que ainda não há segurança suficiente para iniciar um ciclo de cortes”, afirma.
Mas, na visão de José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, a melhora recente das expectativas ainda é insuficiente para embasar uma flexibilização. “Houve melhora, evidentemente, mas ainda é cedo para falar em cortes. Um corte precoce poderia prejudicar o processo de reancoragem de expectativas, crucial para a eficiência da política monetária”, avalia.
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, também projeta que a Selic deve permanecer em 15% até pelo menos meados de 2026. “A expectativa é que apenas em 2027 o cenário se torne mais favorável a um ciclo de cortes mais consistentes”, afirma.