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Secretário da ONU alerta que mundo deve acelerar transição energética ou enfrentará estagnação econômica

Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), discursou nesta segunda-feira, 10, na cerimônia de abertura da COP30, realizada em Belém, com um alerta para a urgência de se intensificar os esforços globais contra as mudanças climáticas.

Stiell começou o discurso reconhecendo que a curva de emissões foi reduzida desde o Acordo de Paris, assinado há dez anos. Ele creditou esse avanço à legislação dos governos e à resposta dos mercados. No entanto, fez questão de alertar que “temos muito, muito mais trabalho a fazer” e que é necessário acelerar significativamente tanto as reduções de emissões quanto o fortalecimento da resiliência climática.

Usando a localização geográfica da conferência como metáfora, Stiell comparou o sistema climático global ao Rio Amazonas. “O Amazonas não é uma entidade única, mas sim um vasto sistema de rios sustentado e alimentado por mais de mil afluentes”, observou, para depois concluir que “para acelerar a implementação, o processo da COP deve ser apoiado da mesma forma – alimentado pelos muitos fluxos de cooperação internacional”. O secretário argumentou que os compromissos nacionais isolados não estão cortando as emissões com velocidade suficiente, indicando que a colaboração internacional é essencial para enfrentar a crise climática.

Stiell não poupou palavras ao descrever as consequências de atrasos nas ações climáticas. “Os desastres climáticos eliminam os meios de vida de milhões, enquanto já temos as soluções; isso nunca, nunca será perdoado”, afirmou, destacando também os impactos econômicos diretos: grandes secas prejudicando colheitas, aumento dos preços dos alimentos, êxodo forçado de populações e conflitos decorrentes.

Apesar do tom de urgência, o secretário apresentou dados otimistas sobre a transição energética. “Energia solar e eólica agora são as fontes de menor custo em 90% do mundo”, ressaltou. Indicou ainda que “as energias renováveis ultrapassaram o carvão este ano como a principal fonte de energia do mundo” e que “o investimento em energia limpa e infraestrutura atingirá outro recorde este ano – com investimentos em renováveis superando combustíveis fósseis em proporção de 2 para 1”. Stiell reforçou que esta é “a história de crescimento do século 21” e que os países que ficarem à margem enfrentarão “estagnação e preços mais altos, enquanto outras economias avançarão rapidamente”.

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Para que a COP30 seja bem-sucedida, Stiell destacou quatro áreas cruciais. Primeiro, a transição para longe dos combustíveis fósseis. Após acordo anterior, agora é necessário focar em “como fazemos isso de forma justa e ordenada”, com foco em triplicar as energias renováveis e duplicar a eficiência energética. Segundo, financiamento climático. O executivo destacou a necessidade de colocar em prática o “Roteiro de Baku a Belém” para “começar a avançar em direção ao 1,3 trilhão de dólares” necessários, após acordo prévio de pelo menos 300 bilhões de dólares em financiamento climático. Terceiro, adaptação. Ele disse ser necessário “concordar com os indicadores que ajudarão a acelerar a implementação” da meta global de adaptação. Quarto, justiça climática. Segundo Stiell, “as trajetórias de transição devem ser inclusivas e justas – abrangendo economias e sociedades inteiras”, instando os países a “concordar com medidas concretas para transformar aspirações em ações”.

Ao final, Stiell parafraseou o presidente Franklin D. Roosevelt para apelar à unidade: “Não é o crítico quem importa… O crédito pertence àquele que está realmente na arena, com o rosto marcado pela poeira, suor e sangue”. Ressaltou que na COP30, “o trabalho aqui não é lutar um contra o outro – o trabalho é lutar contra esta crise climática, juntos”.

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