O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, celebrou a deflagração da megaoperação Carbono Oculto, da Polícia Federal, que mira negócios do crime organizado na economia real e no mercado financeiro, nesta quinta-feira, 28. Não basta prender “personagens menos importantes” para frear o avanço do crime, lembrou o chefe da Fazenda, mas “chegar no andar de cima” e agir contra a estrutura de financiamento dos bandidos. “Você seca a fonte do recurso de uma sociedade criminosa. Aí você efetivamente estrangula o crime e impede que ele prospere”, disse o ministro durante coletiva nesta quarta-feira.
A megaoperação apura um esquema bilionário de lavagem de dinheiro montado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), envolvendo postos de combustíveis, instituições financeiras, corretoras e fundos de investimento da Faria Lima. Ao menos 40 fundos de investimento de tipo imobiliário e multimercado, frequentemente com um único cotista, são alvos da megaoperação. As estruturas financeiras eram utilizadas para ocultar patrimônio do crime organizado.
Em 2023, o Ministério da Fazenda criou, no âmbito da Receita Federal, uma equipe para combate a fraudes estruturadas, que agora auxilia nas investigações da PF. Segundo Haddad, os alvos utilizam “mecanismos financeiros sofisticados” e “expedientes próprios de grandes investidores no mercado financeiro” para viabilizar suas atividades criminosas. Por isso, a parceria entre PF e Receita tem sido de máxima importância para desvendar o esquema no setor de combustíveis. “Contra o crime organizado, é preciso haver resposta organizada, e não há outra forma de dar uma resposta organizada sem a colaboração de todos os agentes envolvidos”, disse o ministro.
A atuação de organizações criminosas ocorreu em toda a cadeia dos combustíveis, o que inclui “importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final, até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos”, segundo comunicado da PF. A sonegação de impostos era prática comum às empresas envolvidas na cadeia de produção e comercialização.
A Operação Carbono Oculto cumpre 350 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira, o que inclui cerca de 40 endereços na Faria Lima, principal centro financeiro do país. De acordo com a Polícia Federal, cerca de 1000 postos de combustível estão envolvidos no esquema, movimentando 52 bilhões de reais entre 2020 e 2024. Haddad lembra que as atividades criminosas prejudicam não apenas os consumidores dos combustíveis — comumente adulterados –, mas também os empresários do setor que cumprem a lei. “Não combater o crime organizado cria uma assimetria no mercado. Acaba punindo o bom empresário”, diz.