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‘Se tivermos que fazer do jeito difícil, tudo bem’, adverte Trump sobre Maduro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 25, que apelará para o “jeito difícil” com a Venezuela caso necessário. A bordo do Air Force One, ele também sinalizou que há espaço para diálogo — como fez nas últimas semanas, embora também tenha analisado planos militares contra o regime chavista, incluindo ataques por terra. A declaração ocorre em meio à escalada das tensões entre Washington e Caracas, reflexo do envio de tropas americanas para o Caribe e Pacífico em suposto cerco ao narcotráfico.

“Se pudermos salvar vidas, se pudermos resolver as coisas do jeito fácil, seria bom. E se tivermos que fazer isso do jeito difícil, tudo bem, também”, respondeu o republicano após ser questionado se estava disposto a conversar com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Na véspera, o portal de notícias americano Axios informou que Trump planeja conversar diretamente Maduro por telefone. A ligação aconteceria depois do Pentágono ter designado o Cartel de los Soles, que seria chefiado pelo líder chavista, como uma organização terrorista. Ainda não há data para o telefonema, que está “em fase de planejamento”, disse um funcionário do governo americano ao Axios.

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Organização terrorista

A decisão da Casa Branca de rotular o Cartel de los Soles como terrorista “traz uma série de novas opções para os Estados Unidos”, disse o secretário de Defesa, Pete Hegseth, na semana passada. Trump também afirmou que a designação daria sinal verde ao governo para atacar bens e infraestruturas de Maduro. Dois funcionários americanos confirmaram à Reuters que Caracas e Washington conversaram nos últimos tempos, mas não há informações sobre em que pé estão as negociações.

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Há poucas semanas, militares americanos de alto escalão apresentaram opções de operações contra Caracas a Trump. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, e outros oficiais entregaram planos atualizados, que incluíam ataques por terra. Segundo a emissora CBS News, a comunidade de Inteligência dos EUA contribuiu com o fornecimento de informações para as possíveis ofensivas na Venezuela, que variam em intensidade.

O planejamento militar ocorre em meio à crescente mobilização militar americana na América Latina e ao aumento das expectativas de uma possível ampliação das operações na região, em atos considerados como “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além do porta-aviões, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados foram despachados para o Caribe, enquanto Trump intensifica o jogo de quem pisca primeiro com o governo venezuelano.

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Tensão no Caribe

No final de outubro, o líder americano revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações em Caracas de que Washington quer derrubar Maduro. Fontes próximas à Casa Branca afirmam que o Pentágono apresentou a Trump diferentes opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas — como pistas de pouso — sob a justificativa de vínculos entre setores das Forças Armadas e o narcotráfico.

Os EUA acusam Maduro de liderar o Cartel de los Soles e oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do chefe do regime chavista. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também foi acusado por Trump de ser “líder do tráfico de drogas” e “bandido”. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas, como define o governo americano, no Caribe e Pacífico. Até o momento, foram 21 bombardeios, que resultaram em 80 mortes.

Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.

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Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso de caça às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para o país. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na última sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações de Trump. Em um sinal de divisão entre os apoiadores do presidente, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% a favor.

 

 

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