É fácil ser filha da Xuxa? Ainda não estou completamente calejada, mas aprendi a filtrar os problemas. Tenho 26 anos e já ouvi de tudo, mas presto atenção no que é construtivo. Não me apego a críticas vazias, quero entregar o que me propus a fazer. Minha mãe é uma inspiração, a maior delas. Mas trilho meu próprio caminho. Sou muito mão na massa. Quando estou nervosa, basta abraçá-la para me acalmar.
Quando decidiu pela moda e não pelo entretenimento, que é a história de sua mãe e também de seu pai, o ator Luciano Szafir? Foi aos 17 anos, durante um estágio com a estilista Lenny Niemeyer. Fiquei encantada ao ver o funcionamento interno da indústria da moda, os bastidores e o trabalho de tantas pessoas envolvidas em uma única peça. Aquilo me deu uma virada de chave. Sempre tive um lado criativo muito forte e, naquele momento, entendi que queria me dedicar a isso. Daí nasceu a grife Mondepars.
Mas não dá vontade de também estar diante das câmeras? Sempre gostei dos bastidores, nunca me vi no palco. Já apareci arrumando o cabelo da minha mãe em entrevistas, mas logo voltava para trás das câmeras. Com a Mondepars, realizei um sonho. É o meu trabalho, minha rotina diária no ateliê. Sou apaixonada pela história da moda e o que ela representa, e não paro de aprender no cotidiano.
Quais são seus sonhos com a grife e como pretende fazer crescê-la? Hoje, minha prioridade é aprimorar detalhes e solidificar a identidade da Mondepars, marcada pela sutileza. Quero ser referência em alfaiataria e explorar novos nichos como sapatos. Mas tudo com leveza e de forma sustentável. Também pretendo levar a marca para outros lugares do Brasil e seguir me envolvendo com causas sociais, como fizemos com a ONG IKMR, que atua na proteção de crianças refugiadas.
Mas, afinal, como define seu estilo e o que está na moda, na sua opinião? Sou versátil, gosto de tons neutros com pontos de cor e de florais, dependendo do momento. Mas, para além de roupas, acho que a saúde — física e mental — está na moda. Trata-se de priorizar o bem-estar, respeitar os próprios limites e os dos outros também. O que não está na moda é não cuidar de si mesmo ou consumir sem propósito. Em termos de tendência nas cores, marrom e verde estão em alta.
O que é ser chique? É estar com a terapia em dia, ser bem resolvido e saber cozinhar. Mas sei de meus limites. Minha terapia ainda não está 100% em dia e ainda sonho em fazer um feijão maravilhoso — por enquanto, fico nos grelhados e na salada. Também não sinto pressão para estar sempre elegante: gosto de estar confortável e visto o que faz sentido para o meu dia.
Publicado em VEJA de 11 de julho de 2025, edição nº 2952