O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, aumentou o furor das críticas contra Israel nesta segunda-feira, 8, ao acusar o governo do premiê Benjamin Netanyahu de “exterminar um povo indefeso” e de matar “meninos e meninas inocentes de fome”. Ao anunciar uma série de medidas para aumentar a pressão sobre Tel Aviv, ele afirmou que apoiava o direito à autodefesa, em referência aos ataques do grupo palestino radical Hamas em 7 de outubro de 2023, mas que se sentia obrigado a “impedir um massacre”.
“Proteger seu país e sua sociedade é uma coisa, mas bombardear hospitais e matar meninos e meninas inocentes de fome é outra coisa completamente diferente”, disse Sánchez.
“O que o primeiro-ministro Netanyahu apresentou em outubro de 2023 como uma operação militar em resposta aos horríveis ataques terroristas acabou se tornando uma nova onda de ocupações ilegais e um ataque injustificável contra a população civil palestina – um ataque que o relator especial da ONU e a maioria dos especialistas já descrevem como um genocídio”, acrescentou ele.
Desde o início da guerra, mais de 64 mil palestinos foram mortos em ataques israelenses. Com a agravação da catástrofe humanitária, ao menos 361 pessoas morreram de fome, incluindo 130 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Ao citar o número de vítimas, feridos e deslocados, Sánchez condenou a escalada de violência no enclave conduzida por Israel, destacando: “Isso não é se defender; isso nem é atacar. É exterminar um povo indefeso. É violar todas as regras do direito humanitário”.
O premiê espanhol condenou também os países por estarem “paralisados entre a indiferença diante de um conflito sem fim e a cumplicidade com o governo do primeiro-ministro Netanyahu”. Ele, então, anunciou um conjunto de medidas “para deter o genocídio em Gaza e perseguir seus perpetradores”. Entre elas, está uma lei que formaliza o bloqueio de compra ou venda de equipamentos militares a Israel, além da proibição do uso de portos e espaço aéreo da Espanha para transportar combustível ou armas para o exército israelense.
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Proibições de entrada
Além disso, Sánchez anunciou que aqueles “diretamente envolvidos no genocídio” não seriam autorizados a entrar na Espanha e que aumentará o envio de ajuda humanitária a Gaza. Ele disse estar consciente de que “todas essas medidas não serão suficientes para impedir a invasão ou os crimes de guerra”.
Mas o primeiro-ministro apontou que esperava que “sirvam para aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Netanyahu e seu governo, para aliviar parte do sofrimento da população palestina e para que o povo espanhol saiba que seu país estava do lado certo da história em um dos episódios mais infames do século XXI”.
Em meio às críticas de Madri, Israel “não manterá nenhum vínculo com a vice-primeira-ministra da Espanha e ministra do Trabalho, Yolanda Diaz”, informou o ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, no Xm antigo Twitter. Ela também está proibida de entrar no país, assim como outros funcionários do governo espanhol.
“Sanções semelhantes também serão impostas a Sira Rago, Ministro da Juventude e da Infância, do mesmo partido. A entrada em Israel será proibida, e Israel não terá qualquer contato com o país”, conclui. Em declarações anteriores, Rago definiu Israel como um “Estado genocida”.