O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, declarou nesta terça-feira, 12, que a Rússia já venceu a guerra na Ucrânia, desafiando a recém-emitida declaração conjunta em que a União Europeia defendeu que Kiev tenha a liberdade de decidir seu futuro e rejeitou a demarcação do território ucraniano à força. A fala ocorre poucos dias antes da cúpula entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, marcada para esta sexta-feira.
Em entrevista ao canal “Patriot” no YouTube, Orbán, que está no poder desde 2010 e mantém relações próximas com Moscou, afirmou que a guerra não é um conflito aberto e indefinido, mas um confronto já decidido. “Os ucranianos perderam. A Rússia venceu essa guerra”, afirmou ele. “A única questão é quando e sob quais circunstâncias o Ocidente, que está apoiando os ucranianos, reconhecerá isso.”
A postura do líder húngaro contrasta com a da União Europeia, da qual a Hungria faz parte, e dos Estados Unidos, que apesar dos movimentos erráticos de Trump, continua enviando armas a Kiev. Na segunda-feira, ele foi o único líder europeu a não apoiar uma declaração conjunta do bloco reafirmando o direito da Ucrânia de decidir seu futuro. Ele chegou a dizer que a medida fazia a Europa parecer “ridícula e patética”.
“Quando dois líderes se sentam para negociar um com o outro, os americanos e os russos, e você não é convidado, você não corre para atender o telefone, não sai correndo, não grita de fora”, afirmou Orbán, referindo-se ao fato de que os membros da União Europeia não foram convidados para participar da cúpula.
O premiê disse ainda que a Europa perdeu a oportunidade de negociar com Putin durante o governo do ex-presidente americano Joe Biden, e agora corre o risco de ter seu futuro decidido sem seu envolvimento. “Se você não está na mesa de negociações, você está no cardápio”, declarou.
A Hungria, que é altamente dependente da Rússia para seu abastecimento energético, tem resistido ao envio de armas para a Ucrânia desde o início do conflito. Orbán também se posiciona contra a adesão ucraniana à União Europeia, argumentando que isso prejudicaria agricultores húngaros e teria impacto negativo na economia do país.