O Tribunal Distrital de Tverskoy, em Moscou, na Rússia, designou a banda punk feminista Pussy Riot como uma organização ‘extremista’. A medida foi promovida nesta segunda-feira, 15, e proíbe todas as atividades da organização em território russo, com qualquer associação ao grupo sendo passível de processo criminal.
Criada na capital russa em 2011, o Pussy Riot tem sua história atrelada a críticas a administração do presidente russo Vladimir Putin, promovendo apresentações provocativas e protestando contra a censura estatal e violações dos direitos humanos. Embora essa seja a primeira vez que as atividades do grupo sejam formalmente proíbidas no país, isso já ocorria na prática, uma vez que a maior parte da banda vive no exílio.
“Todos os participantes (da banda) estão agora, felizmente, fora da Rússia, então não acha que haverá grandes mudanças”, afirma o integrante da banda Alexander Sofeev ao jornal The Moscow Times. “Era apenas uma questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde, isso acabaria acontecendo”, confessa Sofeev.
De acordo com uma das fundadoras do grupo, Nadya Tolokonnikova, a decisão judicial busca “apagar o Pussy Riot da memória do povo russo”. Em entrevista ao portal The Insider, ela afirma que “até mesmo um ‘curtir’ em uma de nossas publicações pode levar a prisão. Pussy Riot essencialmente se tornou um nome que não pode ser pronunciado na Rússia”.
+ Nadya, do Pussy Riot: ‘As mulheres devem rir para resistir aos ditadores’
A banda ganhou notoriedade internacional em 2012, quando fez um protesto na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, criticando a Igreja Ortodoxa Russa e o próprio Putin. O episódio levou a prisão de três integrantes do Pussy Riot – incluíndo Tolokonnikova – por vandalismo. Elas foram libertadas um ano depois, com a aprovação de uma anistia pelo Congresso russo.
Desde a invasão da Ucrânia promovida pelo Kremlin, em 2022, muitos integrantes do Pussy Riot fugiram do país. Incluídos na lista de procurados da Rússia, boa parte dos ativistas passou a residir em Tbilisi, na Geórgia. A classificação do grupo como ‘extremista’ segue um roteiro já visto anteriormente na Rússia, com tribunais designando entidades como a Meta ou o inexistente “Movimento Separatista Anti-Rússia” com tal rótulo.