O Exército da Rússia lançou mais de 500 drones e duas dúzias de mísseis contra a Ucrânia durante a madrugada desta quarta-feira, 3, segundo autoridades militares ucranianas. O ataque mirou infraestruturas civis, especialmente instalações de energia, disse o presidente Volodymyr Zelensky, à medida que outro inverno se aproxima, três anos após o início da invasão russa ao país vizinho.
A ofensiva, no centro e oeste do país, deixou diversos feridos, segundo a Força Aérea ucraniana. Jornalistas da agência de notícias AFP em Kiev ouviram explosões sobre a capital e metralhadoras antiaéreas durante o ataque. Na região Chernihiv, 30 mil pessoas estão sem energia elétrica após o bombardeio, disse o chefe da administração militar, Vyacheslav Tchaus.
+ Putin suaviza e diz que nunca se opôs à entrada da Ucrânia na UE, mas Otan é ‘inaceitável’
Para Zelensky, o ataque indica que o presidente russo, Vladimir Putin, está “demonstrando sua impunidade”. “Apenas por conta da falta de pressão suficiente, principalmente sobre a economia da guerra, que a Rússia continua esta agressão”, disse.
O bombardeio se dá em meio a uma viagem de Zelensky a países europeus em busca de ajuda militar e maior apoio diplomático. O líder ucraniano desembarcou na Dinamarca na terça-feira, de onde segue nesta quarta para a França, antes de uma reunião na quinta-feira com um grupo de países europeus que avaliam que tipos de segurança pós-guerra a Europa pode oferecer.
Após a cúpula no Alasca no mês passado, na qual o presidente dos EUA, Donald Trump, e Putin descartaram a opção de um cessar-fogo em prol de um “acordo abrangente” para encerrar a guerra, uma das principais questões em aberto (além da possível cessão de territórios ucranianos à Rússia, que Kiev rejeita) são as garantias de segurança que a Ucrânia pode obter de seus aliados para evitar potenciais invasões futuras do vizinho.
+ Crianças ucranianas voltam às aulas em porões no quarto ano letivo sob a guerra
Na terça, Putin pareceu sugerir que a adesão à União Europeia pode fazer parte desse ponto do tratado de paz.
“Existem opções para garantir a segurança da Ucrânia em caso de fim do conflito”, disse Putin, que afirmou ter discutido o tema com Trump no histórico encontro de 15 de agosto. “E me parece que há uma oportunidade de chegar a um consenso aqui.”
A Ucrânia, por sua vez, afirma que não cabe à Rússia decidir a que blocos Kiev pode aderir, enquanto a Otan defende que a Rússia não pode ter poder de veto sobre quem entra ou não na aliança, formada em 1949 para combater a ameaça da União Soviética.
Em novo aceno a Trump, Putin afirmou nesta terça que a Rússia está pronta para cooperar com os Estados Unidos na usina de Zaporizhzhia, a maior planta nuclear da Europa. A Rússia assumiu o controle do local em março de 2022, logo após a invasão da Ucrânia. A ver que tipo de benesses isso pode gerar do lado do presidente americano, que, embora tenha alternado entre palavras duras e suaves ao se dirigir ao líder russo, se aproximou de Moscou durante as discussões sobre o fim do conflito.