A Rússia capturou duas aldeias na região de Dnipropetrovsk, no sudeste da Ucrânia, confirmou o mapa de de código aberto DeepState nesta terça-feira, 27, ampliando avanços de sua ofensiva em meio a um esforço diplomático para encerrar a guerra. As Forças Armadas ucranianas, em menor número e com menos armas, têm lutado para conter avanços russos em grande parte do leste do país, enquanto Moscou aumenta a pressão sobre Kiev para que ceda territórios em quaisquer negociações de paz.
As forças russas agora ocupam as aldeias de Zaporizke e Novoheorhiivka, de acordo com o DeepState, coordenado por um grupo que monitora os acontecimentos no campo de batalha. O Ministério da Defesa da Rússia também havia relatado anteriormente a captura de ambas as aldeias.
O Exército ucraniano reconheceu que o inimigo cruzou a fronteira para a região industrial leste de Dnipropetrovsk e estão tentando estabelecer uma posição, mas negou a captura. Os militares “continuam a controlar” Zaporizke, afirmou o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia um comunicado, e “hostilidades ativas também estão em andamento na área da vila de Novoheorhiivka”.
“Este é o primeiro ataque de tão grande escala na região de Dnipropetrovsk”, disse Viktor Trehubov, do Grupo Operacional-Estratégico de Tropas de Dnipro, à emissora britânica BBC, embora tenha deixado claro que o avanço delas havia sido interrompido.
Avanços na linha de frente x diplomacia
A Rússia vem repetindo há meses que entrou na área, enquanto seus militares tentam ocupar o interior do território ucraniano a partir da região de Donetsk. Em julho, o Kremlin disse haver capturado sua primeira vila em Dnipropetrovsk, que não está entre as cinco regiões ucranianas reivindicadas pelos russos como seu território, mas é um importante centro industrial e logístico na Ucrânia, conhecido por sua produção de ferro e aço e seu papel na indústria de defesa do país.
O mapa DeepState mostra pelo menos duas outras vilas de Dnipropetrovsk ocupadas ou em conflito, áreas relativamente minúsculas na região de mais de 31 mil km².
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia anteriormente minimizado a importância da investida russa na região, afirmando no mês passado que seu objetivo é apenas alcançar uma “vitória midiática”. Mas qualquer avanço russo em Dnipropetrovsk seria um golpe para o moral ucraniano, uma vez que o esforço diplomático liderado pelos Estados Unidos para encerrar a guerra parece estar perdendo impulso, apesar do encontro entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca.
Moscou não reivindicou Dnipropetrovsk como parte do território russo, ao contrário de Donetsk e das outras quatro regiões leste da Ucrânia, mas atacou suas grandes cidades, incluindo a capital regional, Dnipro. Uma ofensiva aérea na madrugada desta quarta-feira também mirou o setor energético da região vizinha de Poltava.
Antes da guerra, Dnipropetrovsk tinha uma população de mais de 3 milhões de habitantes e era o segundo maior centro de indústria pesada da Ucrânia, depois de Donbass, que abrange as regiões de Donetsk e Luhansk.
Embora as forças russas tenham progredido lentamente na captura de territórios e sofrido um número muito alto de baixas, elas obtiveram ganhos recentes em Donetsk. Um pequeno grupo de infantaria fez um avanço repentino de 10 km adentro das linhas defensivas da Ucrânia perto de Dobropillia no início deste mês.
Putin teria dito a Trump que estaria disposto a encerrar a guerra se o governo ucraniano entregasse as áreas da região de Donetsk que ainda controla, mas muitos ucranianos acreditam que o líder russo tem outros planos. O coronel Pavlo Palisa, vice-chefe do gabinete presidencial em Kiev, alertou repórteres nos Estados Unidos em junho que o Kremlin queria ocupar toda a Ucrânia a leste do rio Dnipro, que corta o país ao meio. Enquanto isso, a chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, também alertou que entregar território ucraniano à Rússia como parte de um acordo de paz era “uma armadilha”.
