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Rússia faz avanço relâmpago na Ucrânia às vésperas de reunião com Trump

A Rússia realizou uma ofensiva relâmpago no leste da Ucrânia nos últimos dias, apontou a plataforma ucraniana DeepState. Em uma das manobras mais intensas do conflito, as tropas de Moscou avançaram 16 quilômetros na província disputada de Donetsk, às vésperas do encontro entre o presidente do país, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcado para a sexta-feira, 15, no Alasca.

O avanço russo é interpretado como uma forma de aumentar a pressão sobre Kiev, forçando o governo de Volodymyr Zelensky a repensar a postura de não ceder nenhum território ucraniano. A partir da ocupação de trechos próximos às cidades de Kostiantynivka e Pokrovsk, as forças militares se encontram em condições de ameaçar Dobropillia, um centro de mineração que vem sendo abandonado por civis, e isolar ainda mais as últimas grandes áreas urbanas da província controladas pela Ucrânia.

No momento, forças de Moscou obstruem parcialmente uma rota de abastecimento essencial para Pokrovsk. “Pessoal. Estamos em apuros. Enquanto Putin e Trump mantêm todos distraídos, a Rússia invadiu nossas linhas. A situação é crítica”, afirmou o voluntário médico americano Rima Ziuraitis em um post no X (ex-Twitter). Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), a qualidade da resposta ucraniana será crítica para impedir que os russos avancem rapidamente sobre a região.

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“A situação está bastante caótica, pois o inimigo, tendo encontrado brechas na defesa, está se infiltrando mais fundo, tentando se consolidar rapidamente e acumular forças para prosseguir com o avanço”, explica um comunicado emitido pelo canal do DeepState no Telegram.

Para o ex-assessor do Kremlin Sergei Markov, o sucesso do avanço militar se deve a um “colapso parcial” decorrente da falta de tropas ucranianas no front. “Isso é um presente para Putin e Trump durante as negociações”, disse Markov. A estratégia militar de avançar com rapidez pelo território foi usada anteriormente pelos russos em 2014, às vésperas de negociações sobre a península da Crimeia — ocupada por Moscou desde então.

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O cenário foi minimizado pelo porta-voz das Forças Armadas ucranianas, Viktor Trehubov, que rejeitou a possibilidade de a infiltração representar uma ruptura das linhas de defesa. De acordo com o comandante do Exército do país, Oleksandr Syrskyi, a Rússia já fez 35 tentativas de ruptura, sem sucesso.

De olho nos territórios

A movimentação acontece dias após o presidente Donald Trump afirmar que a Ucrânia teria que ceder territórios à Rússia para selar a paz. Segundo a emissora americana CBS News, Trump vem tentando costurar um acordo que permitiria à Rússia manter o controle da Crimeia e do Donbass — região composta por Donetsk e Luhansk —, abrindo mão do restante dos territórios.

“Haverá alguma troca de territórios para o bem de ambos”, disse Trump em conversa com repórteres na sexta, embora Putin não tenha mostrado sinal algum de que pretende oferecer algo na barganha.

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Atualmente, a Rússia controla quase todo o sul e sudeste da Ucrânia, incluindo grandes porções das regiões de Donetsk e Luhansk — envolvidas no estopim do conflito em 2022 —, Kherson e Zaporizhzhia. Em resposta à sugestão de Trump sobre uma possível “troca de territórios” para alcançar um acordo, Zelensky posicionou-se firmemente contra a ideia de ceder terras a Moscou. “Não recompensaremos a Rússia pelos atos que cometeu”, declarou, resoluto.

Nesta quarta, Zelensky viajou a Berlim para encontrar-se com seus homólogos europeus e realizar uma reunião virtual com Trump, com objetivo de dissuadi-lo de fazer concessões extremas à Rússia em sua cúpula com Putin na sexta-feira. Ele e membros da União Europeia não foram convidados para as negociações.

Esta será a última chance para os líderes europeus moldarem as ideias que Trump levará na mala para a cúpula no Alasca na sexta-feira, e para enfatizar algumas das “linhas vermelhas” que a Ucrânia traçou, como a cessão de terras em troca de um cessar-fogo, uma vez que Moscou poderia usar o novo território como trampolim para iniciar uma futura guerra.

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