A Rússia afirmou nesta segunda-feira, 22, apoiar “totalmente” a Venezuela diante do que classificou como uma escalada de hostilidades dos Estados Unidos no Caribe, após Washington bloquear e apreender navios petroleiros venezuelanos sob sanções. A posição foi confirmada após uma conversa telefônica entre os chanceleres russo, Sergei Lavrov, e venezuelano, Yvan Gil, segundo comunicados divulgados pelos dois governos.
Durante o diálogo, os ministros condenaram as recentes ações americanas na região, que incluem ataques a embarcações acusadas de envolvimento com tráfico de drogas — alegações feitas pelos Estados Unidos sem apresentação pública de provas — e a apreensão de pelo menos dois petroleiros. Um terceiro navio do gênero estaria sendo perseguido por forças americanas, de acordo com uma autoridade dos EUA ouvida pela agência AFP.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que Lavrov e Gil demonstraram “profunda preocupação” com o aumento das operações militares americanas no Caribe, alertando para possíveis impactos sobre a estabilidade regional e a segurança da navegação internacional. Moscou reiterou ainda sua solidariedade ao governo e ao povo venezuelanos.
Os dois países também concordaram em intensificar a coordenação diplomática em fóruns multilaterais, especialmente nas Nações Unidas, com o objetivo de defender o princípio da soberania dos Estados e rejeitar interferências externas em assuntos internos.
A crise entre Caracas e Washington deve ser debatida nesta terça-feira, 23, no Conselho de Segurança da ONU, após solicitação formal da Venezuela com apoio da Rússia e da China. Em mensagem publicada no Telegram, o chanceler venezuelano acusou os Estados Unidos de promover “agressões e violações flagrantes do direito internacional”, incluindo ataques a embarcações e atos que classificou como pirataria.
Desde setembro, forças americanas vêm realizando operações no Caribe e no Pacífico Oriental contra barcos que, segundo Washington, estariam ligados ao narcotráfico. De acordo com relatos de familiares e governos locais, mais de 100 pessoas morreram nessas ações, entre elas pescadores.
No último dia 16, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um bloqueio formal a navios petroleiros sancionados que operam em rotas ligadas à Venezuela. O republicano acusa o regime de Nicolás Maduro de utilizar recursos do petróleo para financiar atividades criminosas, como tráfico de drogas e pessoas — acusações reiteradamente negadas pelo governo venezuelano.