As tropas da Rússia avançam nos arredores da cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, enquanto as forças ucranianas enfrentam dificuldade para contê-las, informaram militares e analistas de fontes abertas nesta quarta-feira, 29. A movimentação militar ocorre após soldados russos cercarem Pokrovsk, que funciona como centro logístico para Kiev na região de Donbass. Segundo o 7º Corpo do Exército ucraniano, Moscou mobilizou cerca de 11 mil militares na área metropolitana da cidade.
No início desta semana, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já havia alertado que cerca de 200 soldados russos haviam dominado várias partes de Pokrovsk. A captura completa da cidade proporcionaria à Rússia uma plataforma para ampliar a ofensiva rumo às duas maiores cidades de Donestk, controlada pela Ucrânia. Em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, anexou ilegalmente quatro regiões ucranianas: Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk. Quase uma década antes, Putin tomou a Crimeia.
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O grupo ucraniano de código aberto DeepState advertiu nesta quarta que as forças russas conseguiram bloquear uma rota logística militar para a cidade vizinha de Myrnohrad através de emboscadas de infantaria e ataques com drones. Em comunicado, ele sugeriu também que era preciso mobilizar uma força de nível de brigada, não unidades pequenas, para controlar o avanço de Moscou, alertando: “A situação em Pokrovsk está à beira do colapso e continua a deteriorar-se a tal ponto que, mesmo resolvendo tudo, pode ser tarde demais”.
Ainda nesta quarta, Putin disse que as tropas ucranianas estavam cercadas em Pokrovsk e na cidade de Kupiansk, no nordeste do país, uma alegação rejeitada por Kiev. Nem Zelensky, nem Putin parecem dispostos a flexibilizar as reivindicações para o fim da guerra, iniciada em fevereiro de 2022. A Rússia exige que a Ucrânia ceda 20% do seu território, incluindo Donbass, abandone a pretensão de aderir à Otan, principal aliança militar ocidental. Além disso, o presidente russo quer que a Ucrânia se desmilitarize, uma ideia rejeitada por Zelensky. O líder ucraniano também nega abrir mão de parte do país e defende o princípio da soberania.