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Rosane Svartman, a dona de sucessos da TV, abre o jogo: ‘pressão imensa’

Totalmente Demais, Bom Sucesso, Vai na Fé e agora Dona de Mim, no ar no horário das 19h na TV Globo, comprovam a caneta (ou teclado) certeira de sua autora. Rosane Svartman, 55 anos, doutora em Comunicação pela UFF, mergulha no assunto “telenovela” muito além do ofício diário de levar à TV aberta histórias instigantes, que dialoguem com uma diversidade cada vez mais exigida pelo público, que por tanto tempo se acostumou a não se ver representado e, hoje, quer justamente rever tais conceitos. Atenta a toda mudança de comportamento da sociedade, o que faz de seus textos uma crônica contextualizada do momento em que a obra é exibida, Rosane dá seus pareceres sobre a atual crise de audiência na teledramaturgia. Ao programa semanal da coluna GENTE (disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus e também na versão podcast no Spotify), ela fala desses e outros assuntos com toda a habilidade que lhe cabe. Assista.

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CRISE DAS NOVELAS. “Ótima pergunta, difícil também, mas diria que a gente já ouve esse discurso de que a novela vai acabar, a televisão aberta vai acabar, há muitos anos, diria há décadas. E hoje penso que a gente tem que olhar não só a TV aberta, mas todo o ecossistema midiático. A novela continua sendo relevante, faz parte da nossa cultura, tem um peso imenso dentro do Brasil e na cultura brasileira. Dona de Mim, que estou escrevendo, fala para 25 milhões de pessoas todo dia apenas na TV aberta; e não estou considerando redes sociais, outras mídias e plataformas para onde ela também desliza. É um olhar que a gente tem que ter”.

FORÇA DAS NOVELAS. “O que a gente percebe é que em outras partes do mundo existe uma televisão mais fragmentada. Enquanto no Brasil ainda tem essa televisão aberta, esse fluxo de conteúdo atrai milhões e milhões de pessoas todos os dias. Esse fenômeno é brasileiro, vem justamente da história da televisão no Brasil e também da importância. Para mim, uma das chaves para entender essa grande penetração é a telenovela. Enquanto a telenovela permanecer relevante, enquanto continuar fazendo parte da nossa cultura, vai continuar também com essas audiências que a gente chama às vezes de massivas”.

OPORTUNIDADE NAS REDES. “Não vejo crise. Tudo bem, todo mundo fala: ‘não é crise, é oportunidade, é desafio’. Mas percebo que a gente precisa talvez se debruçar e estudar melhor esse deslizamento do conteúdo da telenovela por todos esses outros meios e por todas as outras mídias e plataformas”.

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PROCESSO CRIATIVO.  10:20 “Autor de novela se inspira em tudo. A gente sai devorando tudo. Sou uma leitora voraz e acho que tudo que uma criadora de novela vive, ou um criador, ou um autor de novela vive, passa para tela em algum momento. Papos, viagens, filmes, livros, novelas as quais assisti, entrevistas, qualquer coisa… Tudo a gente vai sempre devorando”.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. “Por que uma novela não vai poder ser jamais escrita pela inteligência artificial? Porque tem muito a ver com o feeling, não quero falar em inglês… Então o instinto, tentar descobrir o que está latente na sociedade, tentar transpor isso de alguma forma para tela. Adivinhar o que vai acontecer, tentar oferecer algum frescor, alguma novidade, um inesperado, não trazer só o que o público acha que quer. No fundo, no fundo, a gente tem que tentar descobrir o que que interessa. Isso tem a ver com o instinto”.

ANOTAÇÕES. “Tenho um caderninho, que não é mais caderninho, que agora é no celular, onde anoto tudo o que me chama atenção. Diariamente anoto o que me chama atenção. Às vezes é um parágrafo de um livro, às vezes é um pequeno trecho, um filme, um personagem secundário, um acontecimento, um recorte de jornal. Alguma hora junto para contar uma história”.

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PRESSÃO APÓS SUCESSO. “É uma pressão, uma pressão imensa. Mas o medo é um péssimo conselheiro. Procuro sempre tentar, de alguma forma, abstrair dessa pressão. Minha estratégia é pensar no próximo passo. Assim, tenho que ter uma sinopse. Tá, agora tenho que escrever o primeiro bloco. Tá bom. Agora tenho que escrever o próximo. Porque se penso no todo, na pressão, na expectativa e tudo isso, vou paralisar. É uma responsabilidade imensa, é o trabalho de muita gente. Tanto no cinema, quanto na televisão, a gente está falando de centenas de pessoas dedicando muitas horas da sua vida para construir um universo. E é uma aposta também de dinheiro. Dá vontade de sair correndo e ir para dentro da minha caverna”.

DIVERSIDADE NAS TELAS. “Olha, acho que tem dois lados. Um, o lado ético-moral da gente trazer a ideia de representatividade para dentro da sala de roteiro, para a tela, para falar para o Brasil. A gente tem que espelhar, mostrar o Brasil. Dois, o lado pragmático que, para mim, é bom, porque significa que é uma tendência. Não é à toa que a gente vê que as marcas estão fazendo isso, né? E por que estão se preocupando com isso? Porque enriquece a obra. Porque é melhor. Porque quanto mais pontos de vista, quanto mais pessoas com trajetórias, experiências diferentes dentro de uma sala de roteiro ou dentro do set de filmagem, contribuindo, a obra ficará melhor, será mais legal”.

AUTORA QUE DIRIGE. “A gente acabou de lançar Câncer com ascendente em Virgem, já está na plataforma do Globoplay. Estou finalizando outro longa, Descontrole, com Carolina Dieckmmann, que dirigi om Carol Minêm. No cinema eu dirijo, né? Na verdade, dirijo roteiro de outras pessoas. Por mais que eu colabore e dê pitaco, é muito bom exercitar essa outra forma de contar histórias. Se dirigiria uma novela? Não, quer dizer, dirigiria, mas gosto muito de trabalhar, só trabalhei com diretores que admiro. E isso para dizer que quando trabalho com um diretor numa novela, eu também tento entender o que que é possível, o que que não é possível. Gosto de estar junto no set, sem interferir jamais. Tenho respeito imenso pela mágica do set. Mas gosto muito de voltar para o cinema, me formei em cinema pela UFF, comecei fazendo curta-metragem”.

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Captação de imagens: Libário Nogueira / Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.

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