Nesta sexta-feira, 12, quando os portões do autódromo de Interlagos mais uma vez se abrirem para milhares de pessoas ávidas pela curtição do segundo final de semana do The Town, mais uma vez, Roberta Medina “para de respirar”. Só volta à normalidade quando a última pessoa de lá sair, após o derradeiro show de domingo, 14. Tamanha apreensão para que tudo dê certo tem a ver com o que aprendeu com o pai, Roberto Medina, presidente da Rock World, criador dos maiores festivais de música do país. Roberta conversou com a coluna GENTE ainda sob o som do primeiro final de semana, que trouxe atrações como Travis Scott e Green Day a São Paulo. Confira.
Qual é a grande lição que você leva do seu pai a cada nova edição de festival? Primeiro, a gente tem um lema aqui que tem a ver com a cultura que ele instalou, que é o próximo é sempre o melhor. A gente realiza com muito compromisso, com observação dos detalhes, uma exigência dele, sua marca registrada. Mas a gente está constantemente em operação, vendo o que pode ser melhor. E isso já virou uma máquina automática da equipe. E aí tem uma coisa muito potente hoje que a gente tem, que é um grupo de lideranças que já está há muito tempo.
Qual foi o clima pré-The Town? Fiquei impressionada ao longo da semana (antes do sábado, 6). “Como é que pode estar tão calmo?” Historicamente não é calmo. Claro que a primeira edição tinha uma obra finalizando, era a primeira vez no terreno. Agora, bem ou mal, essa equipe é a quarta vez no terreno. Tem dois The Town e dois Lollas. É bonito ver que tem um timão que continua apaixonado pelas maluquices que ele (Roberto) sonha, cheio de vontade de fazer acontecer, e mantendo a criatividade como prioridade.
Ainda existe frio na barriga? Existe o tempo todo que o evento está acontecendo. São milhares de pessoas, é muita responsabilidade, é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Então é um estado de… Não é o frio da barriga… eu paro de respirar mesmo, é outro nível. Você para de respirar e fica rezando e trabalhando para correr tudo bem até a última pessoa sair.
E quando surge imprevisto, por exemplo, de banda cancelando em cima da hora, como aconteceu com Sex Pistols? A gente trabalha muito em alinhamento, há um board de executivos que, quando tem algum assunto quente, está junto tomando as decisões e orientando o time.
Fica com um plano B sempre na manga? Não existe plano B.
Não existe banda reserva? Nunca. Eu trabalho para não acontecer. Você contrata. E conta que não vai acontecer. Quando acontece, o compromisso interno é que vai se tentar substituir. E pode acontecer de não conseguir. Lembra Lady Gaga? Se não fosse o Maroon 5 em Curitiba, e topando virar noite, a gente tinha entrado em várias opções e não rolava…
E agora, como foi para substituir? Foi a equipe do artístico ligando para os agentes. Os agentes, às vezes, são os mesmos de vários artistas.
Vocês também estão com um braço na COP30, não? Não diria ‘braço’, é um aquecimento. A gente está preparando o terreno. Nossa intenção é fazer um evento com a importância da COP30, que não passasse despercebido para a maior parte das pessoas. O nosso papel é botar o holofote para conversar com o mainstream. Como a Amazônia já é um assunto forte para a gente, pareceu pertinente, mais uma vez, criar aqui um momento onde se ajudasse a conversa nos temas da COP30. A gente não vai discutir o petróleo, não é na nossa esfera e do grande público, mas a mudança de mentalidade de floresta em pé e não abaixo.