O Ministério Público da Turquia acusou nesta terça-feira, 11, o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, de impressionantes 142 crimes que, juntos, somam até 2.430 anos de prisão. Caso seja condenado, ele que é o principal rival político do chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan, seria impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2028. A oposição turca voltou a denunciar o caso como perseguição política.
Ao longo de quase 4 mil páginas, os promotores turcos descreveram uma rede criminosa da qual Imamoglu seria chefe, exercendo sua influência “como um polvo”, e o acusaram de suborno, peculato, lavagem de dinheiro, extorsão, espionagem, fraude em licitações e até falsificação do diploma universitário. Além dele, mais de 400 suspeitos foram nomeados no processo. O prefeito está sob prisão preventiva desde 19 de março.
Além disso, o texto inclui ainda a informação de que o MP entrou com um recurso no mais alto tribunal de apelações da Turquia contra a principal legenda de oposição no país, o Partido Republicano do Povo (CHP), o que, segundo especialistas, pode abrir caminho para o banimento da sigla.
A prisão do prefeito, há quase oito meses, já havia levado o CHP a denunciar uma “tentativa de golpe” e desencadeou manifestações por toda a Turquia. Foi o mais intenso movimento de rua no país desde 2013, que levou à prisão de mais de 800 pessoas.
Perseguição
O líder do CHP, Ozgur Ozel, afirmou que as acusações servem ao propósito de impedir Imamoglu de concorrer à presidência em 2028.
“Este caso não é legal, é inteiramente político. Seu propósito é deter o CHP, que ficou em primeiro lugar nas últimas eleições locais, e bloquear seu candidato à presidência”, disse Ozel na rede X.
Em discurso ao parlamento nesta terça, antes da divulgação das acusações, ele também reiterou que Imamoglu seria o candidato do seu partido nas próximas eleições presidenciais. “O único crime dele é candidatar-se à presidência deste país”, declarou Ozel.
O CHP vem sofrendo pressão crescente do governo desde que conquistou o controle das maiores cidades da Turquia nas eleições locais de março de 2024. Dezesseis de seus prefeitos foram presos desde então.
Um processo também tramitava para questionar a legitimidade do resultado das primárias para a liderança do partido de oposição em 2023. Um tribunal de Ancara rejeitou a queixa, que poderia ter destituído Ozel. O líder do CHP enfrenta diversos litígios, incluindo um por insultar o presidente Erdogan.