counter Rivais dão a Lula dois problemas e, sem querer, uma chance de recuperação – Forsething

Rivais dão a Lula dois problemas e, sem querer, uma chance de recuperação

Na virada de 2024 para 2025, Lula enfrentou um processo de derretimento de imagem. Pesquisa Datafolha divulgada em fevereiro mostrou que a aprovação ao presidente era de apenas 24%, a menor registrada em seus três mandatos no Palácio do Planalto. A reprovação também era recorde: de 41%.

Antes da divulgação dos números, o petista já tinha definido como prioridade acelerar a entrega de projetos para recuperar popularidade. Como parte desse esforço, ele até trocou o comando da Secretaria de Comunicação da Presidência, entregando-o ao marqueteiro Sidônio Palmeira, que cuidou das últimas campanhas presidenciais do PT. O plano não deu muito certo.

Em junho, de acordo com nova rodada do Datafolha, a reprovação a Lula era de 40%, e a aprovação, de 28%. Crises como o esquema de roubo de aposentadorias e pensões do INSS anularam a melhora da percepção popular sobre os rumos da economia, mantendo o governo na defensiva.

Sucessão de problemas

A situação ficou ainda pior no campo político. Primeiro, um deputado recusou um convite para ser ministro, submetendo a articulação política de Lula a um senhor constrangimento, interpretado por muitos como um sinal de debandada na base governista.

Depois, o governo sofreu uma derrota acachapante com a derrubada pelos parlamentares, sob forte influência do escorregadio Centrão, dos decretos que aumentavam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Diante do resultado, alguns políticos e alguns analistas passaram a dizer que o governo estava acabado e que Lula nem sequer disputaria a reeleição, por medo de ser derrotado. Mas o presidente, como reza o dito popular, fez do limão uma limonada e pela primeira vez encontrou um discurso que mobilizou seus ministros, uniu a gestão e ecoou nas redes sociais, dando fôlego aos aliados no embate com a oposição.

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Sem ter resultados a apresentar em áreas sensíveis, como a segurança pública, Lula aproveitou a derrota no IOF  para dizer que tenta fazer justiça tributária. Ou seja: tenta taxar os mais ricos para aliviar o fardo dos mais pobres. Essa muleta retórica tirou os governistas das cordas, segundo monitoramento feitos nas redes sociais, e se transformou numa rara agenda positiva.

É mais ou menos o que o presidente e seus auxiliares tentarão fazer agora em relação ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como forma, entre outras coisas, de tentar impedir a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O tarifaço é um problema monumental para o governo, os exportadores e a economia brasileira. Ao mesmo tempo, dá ao presidente uma oportunidade de mostrar serviço. De mostrar que sua política externa é pragmática e não contaminada pelo viés ideológico. De defender a soberania nacional e a força das instituições. De zelar pelos produtores e trabalhadores brasileiros. De se aproximar de setores do PIB avessos ao PT. E, claro, de desgastar Bolsonaro.

A chance está dada. Caberá ao presidente decidir se afunda ou redime uma gestão que até aqui não entusiasma eleitores, políticos e iniciativa privada.

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