A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta quinta-feira, 23, que o presidente Donald Trump decidiu anunciar novas sanções contra a Rússia e cancelar um encontro com seu homólogo russo, Vladimir Putin, porque viu do lado de Moscou “interesse suficiente em mover a bola em direção à paz”.
“O presidente sempre afirmou que implementaria sanções à Rússia quando achasse apropriado e necessário – e ontem foi esse dia”, disse Leavitt em entrevista à emissora americana CNN. “Acho que o presidente também expressou há muito tempo sua frustração com Vladimir Putin e, francamente, com ambos os lados desta guerra, e ele sempre disse que, para negociar um bom acordo de paz, ambos os lados precisam estar interessados em um bom acordo de paz”.
Na quarta-feira, Trump disse a repórteres que havia “cancelado” a reunião com Putin. “Não parecia que chegaríamos ao lugar que precisávamos — então cancelei, mas faremos isso no futuro”, afirmou.
Em paralelo, o governo dos EUA impôs sanções às duas maiores companhias russas de petróleo, Rosneft e Lukoil. Foi a primeira vez que a gestão do republicano sancionou empresas russas.
“Agora é hora de parar a matança e de um cessar-fogo imediato”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, no comunicado em que anunciou as sanções contra a Rússia. “Diante da recusa do presidente Putin em encerrar esta guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia que financiam a máquina de guerra do Kremlin”.
“Ato de guerra”
Em resposta, uma autoridade do alto escalão do Kremlin acusou Trump de lançar um “ato de guerra” contra a Rússia através de novas sanções ao país.
“Se algum dos muitos comentaristas ainda tinha ilusões — aqui está. Os EUA são nossos inimigos, e seu ‘pacificador’ tagarela agora está a caminho da guerra com a Rússia”, escreveu Dmitry Medvedev, vice-presidente de Putin no Conselho de Segurança do Kremlin e ex-presidente, no Telegram.
A Rosneft já era sancionada pela União Europeia (UE), ao passo que o Reino Unido sancionou as duas empresas na semana passada. A decisão dos EUA de seguir os passos do governo britânico ocorre poucos dias após uma reunião entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. Embora tenha hesitado em enviar misseis Tomahawk aos ucranianos, um desejo de Zelensky, o republicano adotou um tom mais amigável com o ucraniano em relação ao encontro em fevereiro, marcado por um caloroso bate-boca.
No encontro, Trump afirmou que Zelensky e Putin tem uma “rixa” e “não se gostam”. Questionado sobre qual dos lados do conflito negociava melhor para o fim do conflito, ele destacou que “ambos estão fazendo um ótimo trabalho”. O presidente americano também pareceu descartar uma trilateral, mas acabou por deixar a ideia em aberto: “Queremos que todos se sintam confortáveis. Então, de uma forma ou de outra, estaremos envolvidos em grupos de três, mas pode ser que sejam separados”, disse.