Réu no núcleo 3 da ação da trama golpista, o general da reserva do Exército Estevam Theophilo detalhou, durante interrogatório por videoconferência no STF nesta segunda-feira, a reunião que teve com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro de 2022.
Negando ter tratado com Bolsonaro sobre qualquer hipótese envolvendo um decreto golpista, Theophilo afirmou ter ido ao encontro do então mandatário por ordem do general Freire Gomes, comandante do Exército à época, que estava fora de Brasília e não poderia atender ao chamado à residência oficial da Presidência da República.
“Foi praticamente um monólogo, ele desabafando e eu ouvindo”, relatou o general. “A insatisfação (de Bolsonaro) era porque durante todo o processo eleitoral ele achava (que) houve uma condução meio enviesada, que ele não podia falar nada, não podia transmitir live, não podia apresentar imagem de num sei o quê, enquanto o concorrente dele podia.”
Sua função na reunião era ouvir o desabafo do então presidente e “acalmá-lo”, disse Theophilo. “No final, o que eu me lembro de ter dito, até por orientação do comandante do Exército, era acalmá-lo: ‘presidente, isso tudo já passou e agora é tocar pra frente o barco e seguir o rumo normal das coisas.’”
O militar declarou repetidamente que Bolsonaro não lhe apresentou nenhum documento nem proposta ilegal ou inconstitucional à quale ele pudesse aderir ou não.
A afirmação do delator Mauro Cid de que Theophilo conduziria as Forças Armadas a “cumprir” uma eventual “ordem” golpista de Bolsonaro para impedir a posse de Lula foi objeto de pergunta da própria defesa do general da reserva nesta segunda-feira.
“Totalmente mentirosa”, respondeu Theophilo.