Após disparar 12,2% no primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária sofreria uma retração no acumulado dos três meses seguintes, segundo as previsões do mercado. Nesse sentido, os números divulgados nesta terça-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não surpreendem negativamente. O setor encolheu 0,1% no trimestre encerrado em junho. Há analistas que, inclusive, estimavam uma diminuição mais pronunciada após a supersafra de 2024/2025. Por razões sazonais, a agropecuária se destaca no início do ano e a tendência subsequente é de desaceleração ou retração.
“Quando olhamos para o resultado do segundo trimestre, a queda de 0,1% no PIB do agro não deve ser vista como sinal de fraqueza, mas como reflexo natural de um setor que já havia disparado 12,2% no começo do ano com uma supersafra histórica”, resume Carlos Braga, CEO da consultoria Grupo Studio. Para ele, o desafio agora é ir além da produção: “O próximo passo não é apenas colher mais, e sim agregar valor, abrir novos mercados e criar estabilidade”.
A forte produção de soja e milho e o aumento das exportações de carne ajudaram a sustentar o setor no segundo trimestre do ano. “Esperávamos uma queda até maior. Isso mostra que a produção do agro neste ano está muito forte”, diz Rafael Perez, economista da Suno Research. A desaceleração, porém, deve se manter no segundo semestre, à medida que os efeitos concentrados da supersafra no primeiro trimestre se dissipam.
A retração do PIB da agropecuária decorrente da sazonalidade também é apontada por André Valério, economista sênior do banco Inter. “Era natural uma reversão no segundo trimestre”. Valério acrescenta que fatores externos, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China, favoreceram a soja brasileira, com antecipação de pedidos que ajudou a suavizar a queda.
As expectativas seguem positivas para o setor. A combinação de produção elevada no primeiro trimestre, bom desempenho da agroindústria exportadora e preços competitivos reforça a perspectiva de que, mesmo com a desaceleração trimestral, o agro continuará com um desempenho forte em 2025. No acumulado do ano, a agropecuária ainda cresce 10,1%, e a estimativa para o restante de 2025 é de uma acomodação em torno de 6%, segundo previsão do Inter.