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Retenção de receita para ‘canetas emagrecedoras’ começa nesta segunda, 23

Começa a valer nesta segunda-feira, 23, a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que determina a retenção de receita para os agonistas de GLP-1, categoria da qual fazem parte medicamentos como o Ozempic, o Wegovy e o Mounjaro. A medida visa aumentar o controle sobre a venda e coibir a automedicação e o uso indiscriminado. 

A decisão foi publicada há dois meses, no dia 23 de abril, e inclui as drogas semaglutida, liraglutida, dulaglutida, tirzepatida e lixisenatida na mesma categoria dos antibióticos, exigindo receita controlada e necessidade de novas consultas para renovar a prescrição.

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“A presente proposta regulatória está alinhada à missão da Anvisa de proteção da saúde da população, num contexto em que o próprio mercado, por iniciativas próprias e articuladas, não conseguiu dispor de meios para mitigar o uso irracional desses produtos frente a notificações recebidas e manifestações de todas as associações médicas registradas no presente processo”, disse o diretor da Anvisa, Daniel Pereira, ao seguir o relator em seu voto. 

Ponderações

Até agora, a venda só poderia ser feita mediante prescrição comum, mas a medida da Anvisa decorreu de um pedido de entidades médicas frente ao uso indiscriminado desses medicamentos. 

Apesar da maior regulação ser considerada bem vinda por especialistas, eles afirmam que é preciso que isso seja feito com cuidado, já que pessoas com diabetes e obesidade precisam fazer o tratamento a longo prazo. Um controle muito rígido e restrito poderia dificultar a aquisição da droga, atrapalhando a continuidade terapêutica.

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Em comunicado publicado logo após a decisão da Anvisa, a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) disse que a medida não resolve a raiz do problema. Sem citar a automedicação e o uso indiscriminado, a entidade afirma que “a retenção de receitas, por si só, não resolverá o crescente mercado paralelo de manipulação dos análogos de GLP-1”. 

Segundo um levantamento realizado pelo grupo, entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2025, 17,83 quilogramas de semaglutida (princípio ativo do Ozempic e do Wegovy) foram adquiridos por importadoras e farmácias de manipulação, quantidade que seria suficiente para manipular aproximadamente 4 milhões de canetas irregulares. Já a tirzepartida, encontrada no Mounjaro, teve mais 10 quilogramas de importação registrados, o que seria o equivalente para manipular mais de 2 milhões de aplicadores. 

Grande evolução

Os agonistas de GLP-1 são considerados uma revolução no tratamento para diabetes e obesidade. Embora a primeira já conte com uma diversidade de classes medicamentosas, a última tem poucas drogas efetivas a disposição dos pacientes. 

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Os resultados têm mesmo chamado atenção – além de diminuir o índice glicêmico e a resistência a insulina, dois fatores essenciais para o tratamento da diabetes, as drogas levam a perdas de peso que ficam entre 10% e 30%. 

Para fazer isso, os chamados agonistas do GLP-1 agem sobre receptores hormonais relacionados à saciedade,o que promove diminuição do apetite e aumento da ação da insulina. As drogas também tem se mostrado efetivas em promover uma melhora da síndrome metabólica, com efeito, inclusive, sobre o risco de eventos cardiovasculares. 

E, ao que parece, a inovação está só começando. Além da chegada ao Brasil da tirzepatida, medicamento capaz de agir sobre dois receptores hormonais (GLP-1 e GIP), com um efeito maior que os anteriores, diversas outras formulações estão sendo desenvolvidas. E isso ficou evidente na reunião anual da Sociedade Americana de Diabetes (ADA), que ocorre em Chicago desde a última sexta, 20.

Apenas nesses três dias, ao menos três promessas importantes foram apresentadas: uma dose ainda mais potente do Wegovy, uma nova droga que age sobre os receptores sem provocar resistência a longo prazo e a incorporação de uma nova molécula capaz de potencializar o efeito da semaglutida. Uma droga capaz de atuar em três alvos diferentes também está em fases avançadas dos estudos clínicos. 

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