Um bilionário amigo de Lula, com negócios internacionais em diferentes setores do agronegócio, avalia que o petista tem pouco a fazer para livrar o Brasil dos impactos negativos da guerra tarifária aberta por Donald Trump contra o Brasil.
“Se partir para a reciprocidade, vamos aumentar a inflação e vai faltar produto. Se botar o rabo entre as pernas, vamos vender menos para eles e teremos que ir atrás de outros mercados”, diz o empresário, pedindo anonimato.
O único caminho capaz de evitar danos é o do recuo total de Trump, o que parece improvável diante da campanha bolsonarista nos Estados Unidos por retaliações ao Brasil, diante do julgamento de Jair Bolsonaro no STF.
“Retaliando ou aceitando a bomba fiscal, perdemos. A China teve força para retaliar, mas o Brasil não tem”, diz o empresário.
A solução temporária, para quem tem negócios nos dois países, é embarcar tudo o que for possível e fazer o transporte antes da entrada em vigor da nova tarifa. O conselho, claro, vale para quem se estabeleceu a partir da logística aérea, não para quem exporta pelo mar. “Um navio leva 20 dias para fazer o caminho. Então, já era. O negócio é usar avião e correr para contornar algum dano”, diz o empresário.
E os bancos? O que estão aconselhando aos grandes empresários do país? “Fizemos uma consulta e os bancos não sabem o que prever. Estão esperando. Apostam que tudo pode acontecer, inclusive nada”, diz o empresário.
Trump anunciou, nesta quarta, a decisão de tarifar todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos em 50%. A medida foi uma resposta do governo norte-americano a decisões do STF contra o bolsonarismo e as plataformas americanas de redes sociais.
O republicano também reclamou de uma falsa vantagem brasileira nas relações comerciais com os Estados Unidos.
Lula, como mostra o Radar, decidiu reagir divulgando uma nota para rebater as falas de Trump. Ele vai dar uma entrevista para falar sobre o assunto nesta quinta e avalia fazer um pronunciamento em rede nacional.
