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Remédio contra obesidade reduz em 57% o risco de AVC e infarto, diz estudo

MADRI* – Um estudo de vida real com pacientes com obesidade e doença cardiovascular mostrou que o medicamento Wegovy (semaglutida 2,4 mg), da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, reduziu em 57% o risco de acidente vascular cerebral (AVC), infarto ou morte. O tratamento para obesidade foi comparado com a tirzepatida (Mounjaro, da Eli Lilly) em um ensaio que analisou dados de mais de 20 mil participantes que fizeram uso das canetas injetáveis. Os resultados foram apresentados neste domingo, 31, na reunião anual da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês), evento que reúne mais de 30 mil especialistas em Madri.

Nesse tipo de análise — de vida real –, são avaliados os resultados de pacientes que estão em tratamento com o medicamento que já está no mercado, diferente dos ensaios clínicos, que são pesquisas de cunho científico para atestar a segurança e a eficácia de determinado fármaco antes de sua liberação por agências regulatórias. No caso do estudo STEER, foram analisadas informações do banco de dados estadunidense Komodo Research do período entre 1º de janeiro de 2016 a 31 de janeiro de 2025.

Os participantes eram pessoas com 45 anos ou mais, com sobrepeso ou obesidade e doença cardiovascular estabelecida, mas sem diabetes, e que iniciaram o tratamento com Wegovy ou Mounjaro a partir de 13 de maio de 2022. Cada grupo tinha 10.625 participantes com características semelhantes para evitar qualquer tipo de viés.

O objetivo era verificar o desfecho dos medicamentos na prevenção de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE, na sigla em inglês), como infarto e AVC e morte (cardiovascular ou por qualquer causa).

Na comparação, Wegovy alcançou uma redução de 57% nesses desfechos negativos em pessoas que aderiram ao tratamento e queda de 29% no risco de eventos cardiovasculares mesmo com pausas na terapia, desde que não superiores a 30 dias. Houve o registro de 15 eventos cardiovasculares (0,1%) no grupo da semaglutida e 39 episódios (0,4%) no braço de tirzepatida.

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O estudo SELECT, publicado em 2023, tinha apontado que a semaglutida 2,4 mg, o Wegovy, é capaz de diminuir eventos cardiovasculares graves em 20%. De acordo com a farmacêutica, isso endossa a hipótese de que a molécula é um fator protetor para a saúde cardiovascular, algo que pode não se aplicar a outros agonistas do GLP-1, substâncias que atuam na sensação de saciedade e esvaziamento gástrico que compõem a nova geração de tratamentos contra obesidade e diabetes tipo 2.

“Nós pensamos que a semaglutida, como molécula, tem algumas propriedades únicas e é isso que estamos vendo nos estudos. Acreditamos que, no futuro, essa utilização dos GLP-1 e, em particular, da semaglutida, pode ajudar a reduzir o risco cardiovascular em pacientes com obesidade”, afirma Henrik Jorlav, vice-presidente global da área médica de doença cardiorrenal metabólica e Alzheimer da Novo Nordisk.

Mounjaro e doenças cardiovasculares

Em agosto do ano passado, a farmacêutica Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, anunciou que a tirzepatida demonstrou capacidade de reduzir em 38% o risco de internação ou morte cardiovascular por insuficiência cardíaca, bem como seus sintomas, além de melhorar a função física de adultos com obesidade em um estudo com 731 voluntários nos Estados Unidos, Argentina, Brasil, China, Índia, Israel, México, Porto Rico, Rússia e Taiwan.

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Os participantes tinham diagnóstico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) e obesidade, e foram randomizados em um grupo que usou o medicamento e outro que recebeu placebo. Os voluntários, com e sem diabetes tipo 2, tiveram ainda uma redução de peso de 15,7%. No grupo placebo, o índice foi de 2,2%.

Em relação a episódios de MACE, o Mounjaro foi comparado com a molécula dulaglutida (Trulicity) no estudo clínico SURPASS-CVOT. Os achados, divulgados em julho deste ano, indicou capacidade da tirzepatida de reduzir eventos cardiovasculares graves em 8% e taxa 16% menor de morte por todas as causas. Não houve comparação com a semaglutida.

Obesidade e doenças cardiovasculares

O entendimento de que a obesidade é uma doença crônica que precisa ser tratada para evitar seus desdobramentos deletérios para a saúde é um conceito conhecido entre as entidades médicas que ganhou tração com o lançamento das canetas injetáveis.

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Além de diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer, a obesidade tem ligação com doenças cardiovasculares, inclusive em casos mais graves que resultam em morte. Dados da Federação Mundial do Coração apontam que condições como infarto e AVC são responsáveis por 20,5 milhões de mortes por ano.

O controle do peso é um dos fatores fundamentais para a redução desses casos, mas precisa estar aliado com bons hábitos, como ter uma alimentação saudável, fazer exercícios e evitar o tabagismo, bem como políticas públicas que ofertem tratamentos e medidas que levem ao lazer e redução do estresse, como praças e parques acessíveis e seguros.

*A repórter viajou a convite da Novo Nordisk

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