Reduto eleitoral da família Bolsonaro, o estado do Rio de Janeiro pode ficar sem nenhum integrante político do clã representando o estado nas urnas a partir de 2026.
A mais recente baixa foi a do vereador Carlos Bolsonaro (PL), que na última quinta-feira, 11, anunciou que vai renunciar ao mandato na Câmara Municipal do Rio. A decisão se deu porque o filho Zero Dois de Jair Bolsonaro está de mudança marcada para Santa Catarina, estado pelo qual deve disputar uma vaga ao Senado nas próximas eleições.
“Vou para Santa Catarina para cumprir um chamado que não poderia realizar aqui, pois fiz uma escolha sempre guiada pelo meu coração. Uma [escolha] que me levou a um estado que sempre amei e fez grande parte da minha vida”, disse o parlamentar em seu discurso de despedida na sessão de quinta.
No Legislativo carioca desde 2000, Carlos Bolsonaro foi o vereador eleito mais jovem da história do país, aos 17 anos, e atualmente cumpria seu sétimo mandato consecutivo.
Ao que tudo indica, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também poderá deixar o Rio a partir do próximo ano. Como mostra a reportagem de capa de VEJA desta semana, o filho Zero Um de Bolsonaro anunciou na última semana sua pré-candidatura à Presidência da República. Caso tenha sucesso na empreitada, passará a ter Brasília como residência principal.
Independentemente do resultado, se seguir com a candidatura ao Planalto, Flávio não poderá disputar a renovação do mandato no Senado, que vence em 2026, e não mais representará o estado do Rio de Janeiro no Legislativo. Antes, ele foi deputado estadual de 2003 a 2018.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já não estava no Rio de Janeiro desde que foi eleito para a Câmara, por São Paulo, em 2014 — atualmente, ele está em seu terceiro mandato consecutivo. Pela conjuntura atual, no entanto, o filho Zero Três de Bolsonaro deve continuar ainda mais longe de seu estado natal. Autoexilado nos Estados Unidos desde março deste ano, Eduardo já disse que por ora não pretende voltar ao Brasil, por medo de ser preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao mesmo tempo, Eduardo também está em vias de perder seu mandato no Legislativo federal por faltas. Na quarta-feira, 10, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu prazo de cinco dias para que o deputado se manifestasse sobre sua ausência no parlamento.
Apesar de carioca, o filho mais novo do clã, Jair Renan (PL), cumpre mandato de vereador por Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo estado nas próximas eleições.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que deverá disputar a sua primeira eleição em 2026, não o fará como representante do Rio de janeiro — ela será candidata a senadora pelo Distrito Federal, onde tem domicílio eleitoral.
Já o patriarca Jair Bolsonaro também não deve voltar ao Rio de Janeiro tão cedo. O ex-presidente cumpre uma pena de 27 anos e três meses de prisão na Superintendência da Polícia Federal de Brasília após condenação na trama golpista. Mesmo se aprovado o PL da Dosimetria, que pode reduzir a pena quase que pela metade, um dos caminhos para o ex-capitão deverá ser a prisão domiciliar, mas que neste caso seria também na capital federal.