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Rastreabilidade dá acesso a mercado premium

Diante de regras internacionais cada vez mais rigorosas — como as normas de desmatamento zero e os mecanismos de due diligence — o selo de origem passou a operar como um verdadeiro passaporte comercial, capaz de reduzir riscos reputacionais e jurídicos. Cresce, assim, a preocupação de importadores em acessar informações verificáveis sobre a trajetória dos produtos, o que torna a rastreabilidade um requisito essencial para o acesso a mercados premium e para a garantia de que as cadeias produtivas estejam alinhadas às exigências futuras. Em 2025, o Brasil ultrapassou a marca de 150 indicações geográficas registradas, com produtos regionais que conquistam reconhecimento internacional e proteção de origem. Mais do que um distintivo comercial, o selo se consolida como ferramenta de desenvolvimento econômico e valorização cultural.

Cidade conhecida por abrigar a terceira maior colônia japonesa do Brasil, Tomé-Açu, no Pará, é um exemplo concreto desse impacto positivo. Atualmente, graças à certificação, o Japão importa cerca de 250 toneladas de cacau produzidas pela Cooperativa Mista de Tomé-Açu (CAMTA). O processo teve início em 2019, a partir de um projeto apoiado pela JICA, a Agência de Cooperação Internacional do Japão, quando havia interesse em inserir os produtos locais no mercado japonês, mas faltava estrutura técnica para viabilizar a iniciativa. Esse impulso veio com a atuação do Sebrae, que ofereceu assessoria especializada, diagnósticos e consultorias voltadas à organização da governança local, à articulação dos produtores e à preparação da documentação necessária para o pedido de Indicação Geográfica. “A primeira remessa para o Japão foi um marco”, afirmou Keiti Oppata, produtor e presidente da cooperativa. A certificação ampliou a visibilidade do cacau amazônico e fortaleceu, simbolicamente, a rota histórica da imigração japonesa na região.

No Pará, outro exemplo emblemático é o queijo de búfala da Ilha do Marajó. Reconhecida pela produção artesanal e pela qualidade da matéria-prima, a certificação de origem trouxe segurança jurídica e abriu novas oportunidades de mercado. Dona de uma criação de búfalos, a empresária Gabriela Gouvêa transforma o leite em queijo tradicional e também aposta na experiência gastronômica como forma de aproximar turistas da cultura local. O selo impulsionou não apenas os negócios da fazenda da família, mas o turismo na ilha, marcada por costumes singulares — onde, por exemplo, ainda é possível ver policiais circulando em carros puxados por búfalos, já que não há tráfego regular de automóveis.

Atualmente, quatro produtos do Pará possuem registro de Indicação Geográfica: o cacau de Tomé-Açu, a farinha de mandioca de Bragança, o queijo do Marajó e o guaraná da Terra Indígena Andirá-Marau, território que se estende também pelo Amazonas. Por meio de consultorias especializadas, o Sebrae atua como agente estruturante desses processos, auxiliando produtores desde a organização coletiva até o registro formal. Em um cenário de cadeias globais cada vez mais reguladas, o selo de origem tornou-se um instrumento central para assegurar rastreabilidade e conformidade socioambiental. Para muitos importadores, ele funciona como um certificado que atesta não apenas a procedência geográfica, mas também padrões de produção associados a boas práticas ambientais, respeito às normas trabalhistas, regularidade fundiária e transparência logística.

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