Projetado para ser o principal destaque da Billionaires’ Row, grupo de arranha-céus que compõe um dos trechos mais luxuosos de Manhattan, o 432 Park Avenue foi vendido como um dos melhores prédios de Nova York. No entanto, uma série de problemas estruturais na torre de 102 andares vem causando dor de cabeça para seus moradores, que podem ver até o edifício se tornar inabitável.
Inaugurado em 2014, o edifício de 102 andares nas proximidades da 57th street já apresenta vazamentos, elevadores que quebram repetidamente e acumula reclamações de proprietários por salas que rangem e balançam sob a forte ventania que atinge Manhattan. As correntes de ar também afetam a área externa do prédio. Segundo especialistas, danos como fissuras e rachaduras sugerem uma sobrecarga causada pelo vento e pela chuva.
Projetado como o edifício residencial mais alto do planeta, o 432 Park Avenue teve sucesso comercial instantâneo. No total, suas 125 unidades renderam 2,5 bilhões de dólares, com compradores como a atriz e cantora Jennifer López e o magnata saudita Fawaz Alhokair. Mas os desgastes decorrentes dos problemas estruturais surgiram, e atualmente há duas ações judiciais movidas pelo conselho do condomínio contra a construtora, alegando ocultação de falhas e venda de unidades defeituosas.
O prédio está no radar do Departamento de Edificações de Nova York, que identificou condições perigosas em 85 andares durante inspeções realizadas em 2022. Reparos foram feitos, mas novos inquéritos registraram pedaços faltantes de concreto nos andares mais elevados. O órgão da cidade aponta que não há risco estrutural, mas o quadro preocupa especialistas, deixando em aberto o futuro da torre, outrora um símbolo do mercado imobiliário local.
Até o momento, inspetores afirmam que o 432 Park Avenue é seguro para os moradores e os pedestres, mas relatórios recentes apontam que o local pode se tornar inabitável e até mesmo colocar transeuntes em risco. Há pedaços de concreto faltando nos andares mais altos, e novas rachaduras surgem em sua fachada. A possível razão para isso? Sua elogiada área externa, composta por concreto branco — uma insistência de sua equipe de arquitetos e desenvolvedores.
De acordo com o jornal The New York Times, registros públicos, documentos judiciais e correspondências privadas entre os envolvidos mostram que já havia preocupações referentes à fachada desde o início do projeto, uma vez que a típica cor cinza vista no concreto é decorrente da presença de óxidos de ferro no cimento, garantindo a resistência e o desempenho do material. Qualquer alteração pode ser crucial.
No entanto, os desenvolvedores exigiam a tonalidade branca, o que foi definido pelas empresas envolvidas no processo como um dos projetos mais difíceis já executados. Durante uma reunião em 2012 para testar a mistura de concreto branco, ficou óbvio que as fissuras imediatamente apareciam. Na ocasião, o dilema foi definido por um engenheiro: “Cor ou rachaduras”. A construção seguiu com a primeira opção.
Não demorou muito para que as primeiras fissuras surgissem, e com todos os problemas que elas traziam: infiltração de água, corrosão de barras de aço internas, redução da “rigidez” do edifício, entre outras. Para os engenheiros, caso o ciclo continue, o prédio se tornará inabitável.