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Quem é Franco Parisi, o candidato que surpreendeu nas eleições presidenciais do Chile

Uma surpresa despontou nas eleições presidenciais do Chile neste domingo, 16: Franco Parisi, líder do Partido Popular (PDG), de centro, terminou em terceiro lugar no primeiro turno, com 19% dos votos, superando a candidatura do ultralibertário Johannes Kaiser, que terminou com 13%, da moderada Evelyn Matthei, com 12%. A segunda rodada, em 14 de dezembro, será disputada entre a comunista Jeannette Jara (26%) e o ultradireitista José Kast (24%), retrato da polarização política que se alastra pelo país.

Parisi, na contramão de Jara e Kast, adotou um discurso populista de centro, em uma lógica “nem fascistas nem comunistas”. O posicionamento atrai a ala desiludida, embora ambos os presidenciáveis não sejam rostos tradicionais da política chilena. O centrista de 58 anos também apostou na presença forte nas redes sociais e em propostas de campanha que abrangiam de segurança pública, incluindo planos contra o “terrorismo” e a defesa das fronteiras, a sustentabilidade e acesso à saúde em “tempo hábil”.

“Não dou carta branca a ninguém; isso é desrespeitoso. Tenho más notícias para o candidato Kast e para a candidata Jara: conquistem os votos, ganhem o apoio do povo nas ruas. Preciso de gestos deles. O PDG não precisa de favores”, adiantou Parisi.

Ele, contudo, já esteve envolvido em uma série de polêmicas. Em 2013, na primeira vez que concorreu ao Palácio La Moneda, ele incluiu o gasto com cuecas, meias e sapatos da marca Hugo Boss, totalizando US$ 580.400, no relatório de despesas para o Serviço Eleitoral (Servel). Três anos mais tarde, foi acusado de assédio sexual por uma estudante no Texas. Já em 2021, o centrista conduziu a campanha eleitoral pela internet direto dos EUA, já que estava impedido de entrar no Chile devido a uma dívida milionária de pensão alimentícia com sua ex-esposa.

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O segundo turno

Impedido de concorrer à reeleição pela Carta Magna, o presidente do Chile, Gabriel Boric, lançou a candidatura de Jara em seu lugar. Filiada ao Partido Comunista desde a adolescência, ela foi líder estudantil e sindical. Atuou como subsecretária da Previdência Social no governo da ex-presidente Michelle Bachelet e, mais tarde, integrou o gabinete de Boric como ministra do Trabalho. Para atrair o eleitorado, apostou em propostas de renda mínima e subsídios para empresas, além de ter se comprometido a modernizar a polícia, construir cinco novas prisões até 2033 e mobilizar as Forças Armadas na proteção das fronteiras.

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Já Kast — que encontra inspiração em Donald Trump, dos Estados Unidos, e Javier Milei, da Argentina — começou a carreira política como deputado do partido de direita União Democrata Independente (UDI) na virada do milênio. Após 15 anos, rompeu com a sigla para fundar o ultraconservador Partido Republicano em 2019. Disputou três vezes nas eleições presidenciais, tendo sido derrotado por Boric na última.

Católico, pai de nove filhos e nostálgico dos tempos de Pinochet, ele levanta a bandeira contra o aborto e critica a “ditadura gay”. No páreo contra Jara, manteve o discurso linha dura e prometeu criminalizar a imigração irregular, expulsar “todos” os indocumentados e construir valas e muros nas divisas, bem como aumentar a taxa de crescimento anual do PIB para 4%.

“Um segundo turno entre Kast e Jara intensifica a polarização entre a ‘ameaça comunista’ e os alertas de um retorno ao autoritarismo”, disse
Carlos Malamud, pesquisador do think tank Real Instituto Elcano sobre política latinoamericana, a VEJA. “Independentemente do que aconteça nessas eleições, a governabilidade e as instituições democráticas estão em jogo. Existe o risco de paralisia institucional no Chile, onde a divisão entre os partidos levará a um legislativo fragmentado.”

Apesar de ter saído à frente no primeiro turno, Jara corre sério risco de ser derrotada na próxima rodada eleitoral. Uma pesquisa da AtlasIntel, divulgada no final de outubro, revelou que Kast deve ser eleito com uma diferença de cinco pontos percentuais. Há espaço para conquistar os indecisos, estimados em cerca de 13%. Será tarefa difícil, já que 54% dos entrevistados pela Atlas têm uma visão negativa sobre a candidata, contra 40% que a enxergam com bons olhos. O Chile se vê, portanto, diante de uma encruzilhada entre extremos.

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