O mercado mal termina de precificar um fato e já precisa reagir ao próximo. Dezembro virou um teste de resistência informacional: decisões monetárias, mudanças fiscais, ruídos políticos e acordos internacionais se acumulam num ritmo que deixa investidores tontos — e ainda assim obrigados a projetar ganhos, sem espaço para erro.
Em poucos dias, vieram a manutenção da Selic, o Copom linha dura, o Fed sinalizando menos cortes em 2026 e, no front político, uma avalanche legislativa. O Senado aprovou o pacote que reduz em 10% os benefícios fiscais federais, eleva a tributação de bets, fintechs e instituições financeiras, aumenta o JCP para 17,5% e impõe um teto de 2% do PIB para incentivos tributários. Como se não bastasse, o PL da dosimetria penal também foi aprovado, adicionando mais uma camada de leitura política e jurídica ao já confuso fim de ano do mercado.
No campo político e externo, a confusão só aumenta. O acordo entre Mercosul e União Europeia, negociado há 26 anos, pode melar no sábado — e o presidente Lula subiu o tom, avisando que não pretende seguir discutindo se não houver assinatura desta vez. Ao mesmo tempo, a candidatura de Flávio Bolsonaro em 2026 segue no limbo: ninguém sabe se é balão de ensaio, estratégia de pressão ou projeto real. O resultado é um mercado tentando filtrar excesso de informação, separar ruído de tendência e responder à pergunta que não quer calar: que dezembro é esse, em que tudo acontece ao mesmo tempo e nada parece definitivo?