Muitos fatores confluíram para tornar possível o acordo de paz que encerra a guerra em Gaza e traz de volta os reféns há dois anos enterrados vivos. Algumas boas, algumas ruins, como em todas as guerras.
A capacidade militar de Israel, por exemplo – e a decisão de que dezenas e até centenas de civis poderiam ser mortos em troca de dizimar comandantes do Hamas. Esta decisão implacável corroeu o apoio a Israel de aliados tradicionais – e isso também influiu na hora em que Donald Trump deu o ultimato a Benjamin Netanyahu: Chega.
E, acima de tudo, o próprio Donald Trump. Ele queria acabar a guerra, resgatar os reféns, arrumar um acordo que eventualmente tem o potencial de resolver a questão de maneira mais sustentável. Sonha com um Nobel da Paz, que lhe dê um prestígio jamais conquistado? Pode ser. Poucos o terão merecido mais.
Se viajar ao Egito para a assinatura do acordo, chegará coberto de glórias de dar inveja a qualquer faraó. Muitos se retorcerão de raiva, mas é inevitável ter que admitir: só Trump, com seus instintos negociadores e sua necessidade de reconhecimento, poderia usar o poder supremo dos Estados Unidos – nem sempre tão supremo assim – para arrancar um acordo.
É claro que o nome de Deus foi invocado várias vezes hoje – e, excepcionalmente, não em vão. Até por quem não é crente. Hoje, vale tudo. É um dia em que as forças do bem conseguem vencer tantas coisas do mal que aconteceram. É um dia em que todos podemos nos regozijar. Viva a paz e vivam os povos que hoje têm a possibilidade de alcançar o que parecia tão impossível – e que só Trump achou perfeitamente realizável. Como ele disse, que Deus abençoe os pacificadores.