O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse durante encontro com grandes empresários do país que estaria disposto a fazer “trocas territoriais” como parte do acordo para encerrar a guerra na Ucrânia, cedendo algumas áreas controladas pelas forças russas desde que recebesse toda a região de Donbass. As informações foram divulgadas por um dos principais jornais da Rússia, o Kommersant, nesta sexta-feira, 26, e fez referência a uma reunião que teria ocorrido no Kremlin na noite de 24 de dezembro.
De acordo com o Kommersant, Putin apresentou os detalhes do plano a empresários importantes na ocasião. Ele “afirmou que o lado russo ainda está pronto para fazer as concessões que sugeriu em Anchorage”, disse a reportagem, citando o local da cúpula entre o chefe do Kremlin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em agosto.
Em resumo, o líder russo quer toda a região de Donbass, mas fora dessa área “uma troca parcial de territórios não está descartada”, acrescentou o jornal.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, havia afirmado na quarta-feira 24, após rodadas de conversas sobre um potencial acordo em Miami, nos Estados Unidos, que as delegações ucraniana e americana estão chegando perto de finalizar um plano de 20 pontos para encerrar a guerra. Zelensky ressaltou, porém, que ainda não há nenhum consenso sobre as exigências de concessão de parte do Donbass que as forças ucranianas ainda controlam, nem sobre o futuro da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada por soldados russos.
O presidente americano, Donald Trump, prometeu acabar com a guerra na Ucrânia por diversas vezes. Seu enviado especial, Steve Witkoff, e seu genro, Jared Kushner, têm sido despachados nos últimos meses para negociações constantes com a Rússia, a Ucrânia e potências europeias. Os detalhes completos das propostas de Washington não foram divulgados, embora autoridades russas tenham se referido repetidamente a “entendimentos” a que Putin e Trump chegaram durante a cúpula em Anchorage, no Alasca.
Exigências principais
A Rússia controla toda a península da Crimeia, anexada em 2014, cerca de 90% de Donbass, 75% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson, e pequenas porções das regiões de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk, segundo estimativas russas.
Na semana passada, Putin afirmou crer que um acordo de paz deve se basear nas condições que estabeleceu em 2024: a retirada total da Ucrânia de Donbass, Zaporizhzhia e Kherson, bem como a renúncia oficial de Kiev ao seu projeto de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Isso indicaria que pode haver disposição para negociar a ocupação em Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk — nessa última região, as forças de Moscou avançam em ritmo mais acelerado.
De acordo com o Kommersant, Putin também levantou a questão da usina de Zaporizhzhia, a maior instalação nuclear da Europa, em sua reunião com empresários, sugerindo que ela fosse administrada de forma conjunta pela Rússia e pelos Estados Unidos.
