O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou nesta segunda-feira, 23, os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, dizendo tratar-se de uma “agressão absolutamente sem provocação” e “injustificada”, durante uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, a quem recebeu no Kremlin.
“Esta é uma agressão absolutamente sem provocação contra o Irã”, disse o líder russo, acrescentando que seu país estava “se esforçando para prestar assistência ao povo iraniano”.
A visita de Araghchi a Moscou faz parte de um esforço diplomático mais amplo de Teerã para angariar apoio e condenar os ataques, que autoridades iranianas afirmaram representar violações do direito internacional.
Conflito se intensifica
As declarações de Putin ocorrem em meio uma escalada das tensões no Oriente Médio, após ataques aéreos coordenados entre Estados Unidos e Israel atingiram alvos iranianos no sábado 21. Os comentários do presidente russo refletem o crescente alinhamento de Moscou com Teerã, à medida que a instabilidade regional se intensifica.
Na noite passada, o Ministério das Relações Exteriores russo também condenou os ataques americanos às instalações nucleares no Irã com “veemência”, afirmando que a decisão “irresponsável” violou a Carta da ONU, além de pedir o fim da agressão e um retorno à diplomacia.
Desde 13 de junho, Israel vem atacando diariamente o Irã, que respondeu com igual força. O objetivo oficial da operação é a destruição dos programas nuclear e de mísseis de Teerã. Os governos israelense e americano sustentam que o Irã estava prestes a obter um grau de enriquecimento de urânio de 90%, o que seria suficiente para a construção de uma arma atômica. A nação xiita é signatária de um tratado internacional de não proliferação de armas nucleares, o que significa que a tecnologia seria utilizada apenas para fins pacíficos.
Na noite de sábado 21, os Estados Unidos entraram na guerra entre Israel e Irã, iniciada em 13 de junho, e atacaram três instalações nucleares no país persa, elevando a tensão no Oriente Médio. Os desfechos ainda são imprevisíveis.
Pedido de Khamenei
De acordo com a agência de notícias Reuters, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, despachou com seu ministro das Relações Exteriores uma carta de próprio punho que pede por mais apoio de Putin após a maior ação militar de Washington contra seu país desde a Revolução Islâmica de 1979.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Israel especularam em público sobre o assassinato de Khamenei, bem como sobre uma mudança de regime, uma medida que a Rússia teme que possa trazer mais caos ao Oriente Médio.
Apesar de Putin ter se oferecido para mediar negociações de paz, Moscou, até o momento, não se interessou em meter o dedo no conflito diretamente. Segundo fontes iranianas ouvidas pela Reuters, o governo iraniano quer que Putin “faça mais” em termos de apoio contra Israel e os Estados Unidos, mas não há detalhes sobre o tipo de assistência desejada.
O apoio da Rússia é significativo, uma vez que é um membro com poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas Putin, cujo exército trava uma guerra de atrito na Ucrânia há mais de três anos, demonstrou pouco interesse em se envolver em um confronto com os Estados Unidos a respeito do Irã, justamente quando Trump busca reparar os laços com Moscou.