Pelo menos 19 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas durante manifestações contra o bloqueio de redes sociais e denúncias de corrupção no Nepal, segundo autoridades e veículos locais.
A polícia respondeu com tiros reais, gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto milhares de jovens e estudantes marchavam pelas ruas da capital.
Na segunda-feira, manifestantes romperam barricadas e invadiram o complexo do Parlamento, de acordo com um funcionário local. Um dos participantes relatou à agência ANI que a polícia disparou de forma “indiscriminada”, atingindo um amigo que estava atrás dele.
Sete das vítimas morreram no Centro Nacional de Trauma, informou o superintendente médico chefe, Dr. Badri Risal, à Associated Press.
“Muitos apresentam ferimentos graves na cabeça e no peito”, acrescentou. Famílias aguardavam ansiosas por notícias de seus parentes, enquanto voluntários se mobilizavam para doações de sangue.
Mais de 100 pessoas, incluindo 28 policiais, receberam atendimento médico, informou o oficial Shekhar Khanal à Reuters. Na cidade de Itahari, no leste do país, dois manifestantes morreram em confrontos.
Milhares de jovens, incluindo estudantes em uniformes escolares e universitários, marcharam pelas ruas com cartazes como “Fechem a corrupção, não as redes sociais”, “Libertem as redes sociais” e “Jovens contra a corrupção”.
Ikshama Tumrok, estudante de 20 anos, disse à AFP que protestava contra a “postura autoritária” do governo. “Queremos mudanças. Outros suportaram isso, mas deve acabar com nossa geração”, afirmou.
Na semana passada, o governo bloqueou plataformas como Facebook, YouTube e X, alegando que não se registraram junto às autoridades e que eram utilizadas para espalhar notícias falsas, discurso de ódio e fraudes.
O porta-voz do Escritório de Administração Distrital de Kathmandu, Muktiram Rijal, afirmou que a polícia recebeu ordens de usar canhões d’água, cassetetes e balas de borracha, e que o exército foi mobilizado.
O toque de recolher, que vai até as 22h, foi estendido à área de Singha Durbar, onde se localizam o gabinete do primeiro-ministro e outros prédios governamentais.
