Apesar de ser tratado como um grande depósito de resíduos, os oceanos são fundamentais para a vida no planeta. Ele produz 50% do oxigênio que respiramos, absorve 30% do gás carbônico, além de ser importante fonte de alimento e regulador do clima. A degradação acelerada deste meio ambiente, impulsionada pela atividade humana, mostra a necessidade de medidas urgentes de proteção. Para ter dados mais precisos sobre o ambiente marinho, o projeto MegaMove ((Marine Megafauna Movement), promovido pela Australian National University (ANU), com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) recrutou 376 cientistas de 50 países. Os resultados preliminares apontam o que as grandes agências ambientais já anunciavam em altos brados: as áreas de preservação nos oceanos são insuficientes para proteger a biodiversidade.
As análises embasam a necessidade de aumentar de 8% para 30% o contingente da população marinha protegida, pelo Tratado de Alto Mar, em águas internacionais. Trata-se de um plano que já vem de longe. A ONU mobiliza esforços internacionais para evitar o declínio da biodiversidade marinha e promover o desenvolvimento sustentável através de uma iniciativa batizada Década dos Oceanos (2021-2030).
A equipe envolvida no MegaMove analisou 11 milhões de registros de localização de 15.845 indivíduos de 121 espécies da megafauna marinha, incluindo golfinhos, baleias, tartarugas marinhas, focas e tubarões monitoradas. Os dados foram usados para mapear áreas essenciais para alimentação, reprodução e rotas migratórias dessas espécies.
O levantamento revelou que estão em zonas protegidas apenas 7,5% das áreas cruciais para a megafauna marinha. Em relação aos habitats essenciais de 121 espécies, 61% permanecem fora das áreas protegidas existentes ou propostas. No Brasil, os princiapis centros de pesquisas e estudo integram este esforço global de mapeamento. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, por exemplo, participou por meio do professor Carlos Frederico Duarte Rocha e da pesquisadora Maria de los Milagros L. Mendilaharsu, ambos do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (Ibrag). A dupla apresentou dados inéditos sobre os movimentos da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriácea), a maior espécie de tartaruga marinha do mundo, no Atlântico Sul Ocidental. Os cientistas ainda alertaram para o impacto negativo das vavegações comerciais, além da necessidade da implantação de estratégias de mitigação como a troca de equipamentos de pesca e uso de luzes diferentes nas redese.
Leia:
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