Um novo levantamento recente da Diversitera, startup especializada em pesquisas para gestão de recursos humanos, revela as graves desigualdades enfrentadas por profissionais trans no mercado formal de trabalho no Brasil. O estudo “Panorama da População LGBTQIAPN+ no Mercado de Trabalho Brasileiro”, realizado com dados de mais de 55 empresas de médio e grande porte, mostra que pessoas trans recebem, em média, 20% menos do que colegas cisgêneros que exercem as mesmas funções.
Além da disparidade salarial, a pesquisa aponta uma baixíssima representatividade em cargos de liderança: apenas 0,8% dos profissionais formalmente empregados no país são trans, e desse total, somente 0,3% ocupam posições executivas. “Infelizmente ainda é comum que pessoas trans sejam expulsas de casa ainda na infância ou adolescência ficando, assim, sem qualquer rede de apoio. Isso leva à evasão escolar, à consequente despopulação da universidade e dos cursos técnicos e a um ciclo de falta de oportunidades educacionais e profissionais”, analisa Felipe Bastião, especialista em Sexualidade e Gênero da Diversitera.
A discriminação – seja inconsciente ou explícita – durante processos de avaliação e progressão de carreira é um dos fatores que perpetuam essa desigualdade. “Elas podem ser julgadas por fatores não relacionados ao seu desempenho profissional, como camadas pessoais e preconceito”, comenta Bastião. E o preconceito também se manifesta no cotidiano corporativo: 24% dos entrevistados relataram já ter sofrido ou presenciado situações discriminatórias no trabalho, sendo que em 49% dos casos a transfobia foi o motivo central.