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Prisão: Flávio coloca Jair Bolsonaro em maus lençóis

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A prisão preventiva de Jair Bolsonaro não veio de adversário político, nem de um cálculo silencioso do STF. Nasceu dentro da própria família. A tal vigília convocada por Flávio Bolsonaro — empacotada em versículos bíblicos e indignação ensaiada — produziu exatamente o que a Justiça tentava impedir: gente na rua, clima quente, possibilidade real de confusão. Foi o empurrão que faltava para o Supremo fechar a porta.

Flávio quis defender o pai. Conseguiu o oposto. O convite para “orar” virou ato político, aquilo que sempre vira desde que púlpito virou palanque no Brasil: mobilização instantânea da tropa digital. E o STF, que há meses acompanha cada movimento do clã Bolsonaro com a paciência de um relojoeiro, enxergou ali uma faísca perigosa: mais um aceno da velha coreografia de pressão de rua.

O cenário jurídico já era instável. A defesa insistia em prisão domiciliar por saúde, enquanto ministros avaliavam se havia risco de fuga e se Bolsonaro voltaria a testar limites. A convocação de Flávio, nesse tabuleiro delicado, foi como cutucar o vespeiro. Ele puxou para 2025 a lembrança dos acampamentos de 2021 e 2022. No Supremo, ninguém esqueceu como aquilo terminou.

E, como se não bastasse, a madrugada fez sua parte: às 00h08 deste sábado, 22, o sistema registrou a violação da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro. A ruptura do equipamento, emendando com a vigília marcada, soou para o STF como o que parecia ser — não um acaso, mas o início de um plano de fuga. Fuga com roteiro conhecido, diga-se.

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O tribunal reagiu no momento exato em que buscava um motivo claro. E a percepção em Brasília é objetiva: sem a convocação de Flávio, a prisão poderia esperar um pouco mais, seguir outro ritmo, talvez até outro formato. O filho empurrou o pai para o pior momento possível. Jogou luz onde o ex-presidente precisava de sombra.

E não é novidade: não é a primeira vez que um Bolsonaro atrapalha outro Bolsonaro. Basta lembrar de Eduardo Bolsonaro e o tarifaço de Trump, hoje driblado por Lula. Mas desta vez há algo mais profundo. A família, que sempre atuou em bloco — às vezes eficiente, outras vezes impulsiva e inconsequente — parece ter perdido o senso mínimo de estratégia. Flávio se moveu no improviso, sem pensar dois passos à frente. E, entre aliados de Jair, a sensação é incômoda: o filho apertou o gatilho jurídico sem perceber que estava segurando a arma virada para dentro de casa.

O capítulo ainda não acabou, mas a ironia já está pronta. Bolsonaro passou anos repetindo que era vítima do “sistema”. No fim, quem o colocou em maus lençóis não foi o sistema. Foi seu próprio sangue.

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