O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou que Israel tentou assassiná-lo ao bombardear uma área na qual ele estava em reunião. Em entrevista ao apresentador americano Tucker Carlson, divulgada nesta segunda-feira, 7, Pezeshkian disse que os Estados Unidos não estiveram envolvidos nos esforços para matá-lo, atribuindo culpa exclusiva ao governo de Benjamin Netanyahu.
“Eles tentaram, sim. Agiram de acordo, mas falharam”, alegou ele, ao responder uma pergunta de Carlson sobre uma suposta tentativa de assassinato por parte de Israel. “Não foram os Estados Unidos que estiveram por trás do atentado contra a minha vida. Foi Israel. Eu estava em uma reunião… eles tentaram bombardear a área onde estávamos realizando a reunião.”
Além disso, Pezeshkian destacou que Teerã não é responsável pela guerra, que teve início em 13 de julho após um grande ataque aéreo israelense ao território iraniano, e que não tem interesse em escalar as hostilidades. O presidente também disse que não vê “nenhum problema” em retomar as negociações nucleares com os EUA, mas que a confiança precisava ser reestabelecida — em 21 de julho, o governo americano bombardeou três instalações nucleares no Irã: Fordow, Natanz e Isfahan.
“Não vemos problema em retomar as negociações”, adiantou. “Há uma condição… para reiniciar as conversas. Como vamos confiar nos Estados Unidos novamente? Retomamos as negociações, e como podemos ter certeza de que, no meio das conversas, o regime israelense não receberá novamente permissão para nos atacar?”
Em 2015, um pacto abrangente foi firmado pelos Estados Unidos e outras nações com o Irã, que autorizava o país a manter até 300 quilos de urânio enriquecido a no máximo 3,67% de pureza, limite adequado para fins civis, como geração de energia e pesquisa, mas muito abaixo dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, porém, saiu do acordo unilateralmente em 2018, durante seu primeiro mandato.
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Ataques dos EUA
Pezeshkian comentou sobre os estragos causados pelo ataque dos Estados Unidos. Ele explicou que ainda não é possível saber a “extensão dos anos”, já que o acesso não é possível no momento, pois elas foram gravemente afetadas”. O líder iraniano também amplificou a desconfiança com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), dias depois de suspender a colaboração com a organização sob acusações de ser parcial e se aliar aos Estados Unidos, além de abrir caminho para os ataques aéreos de Israel.
“Assim que o acesso for restabelecido, poderemos considerar a possibilidade de realizar inspeções. O silêncio da AIEA diante desses ataques, que são contrários ao direito internacional, semeou a desconfiança entre os iranianos”, afirmou.
Na semana passada, de acordo com o veículo estatal iraniano Nournews, o presidente do Parlamento do país disse que a AIEA se recusou até mesmo a condenar o ataque às instalações nucleares iranianas e “colocou sua credibilidade internacional à venda”. O chefe da agência das Nações Unidas, Rafael Grossi, afirmou que escreveu ao ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, para propor uma reunião.