A Assembleia Nacional de Madagascar votou pelo impeachment do presidente Andry Rajoelina nesta terça-feira, 14. A medida foi tomada dois dias após o mandatário fugir do país, que registra intensas manifestações lideradas por jovens.
Minutos depois da aprovação do impeachment, militares dissidentes que haviam se aliado aos protestos disseram ter assumido o controle do país.
Ao todo, 130 membros da câmara baixa do Parlamento madagascarense votaram a favor da deposição de Rajoelina, de 51 anos, com somente um voto em branco sendo registrado. A decisão acontece horas após o mandatário tentar dissolver a Assembleia Nacional através de um decreto.
De acordo com o presidente, a resolução é “nula e sem efeito”, uma vez que a reunião da Assembleia é “inconstitucional”. Por meio de uma publicação na rede social X, Rajoelina afirmou que a dissolução da câmara baixa era necessária “para restaurar a ordem”.
J’ai décidé de dissoudre l’Assemblée nationale, dans le respect de la Constitution.
Ce choix s’impose pour rétablir l’ordre au sein de notre Nation et renforcer la démocratie. Le Peuple doit être à nouveau entendu. Place aux jeunespic.twitter.com/cha6IhqLWL
— Andry Rajoelina (@SE_Rajoelina) October 14, 2025
A decisão do mandatário foi contestada pelo líder da oposição e vice-presidente da Assembleia Nacional, Siteny Randrianasoloniaiko.
“Este decreto não é juridicamente válido… o presidente da Assembleia Nacional afirma que não foi consultado”, afirmou Randrianasoloniaiko.
Embora tenha deixado Madagascar em um jato francês no último domingo, 12, Rajoelina se recusa a renunciar a seu cargo. O presidente é um dos principais alvos dos protestos, liderados por jovens da chamada Geração Z — nascidos entre 1995 e 2009. O paradeiro exato do presidente segue desconhecido.
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As manifestações começaram no dia 25 de setembro, inicialmente motivadas pela escassez de água e energia no país. No entanto, rapidamente se transformaram em uma revolta por questões mais amplas, como corrupção, falta de serviços básicos e má governança, ganhando aderência até entre tropas militares, uma vez que, durante o final de semana, a unidade de elite Capsat se juntou aos protestos.
Milhares de manifestantes estavam presentes na Praça 13 de Maio da capital do país, Antananarivo, nesta terça. Entre faixas contra Rajoelina — apontado como fantoche francês — e bandeiras de Madagascar, era possível encontrar a bandeira contendo a caveira e ossos cruzados do anime japonês One Piece, um estandarte também visto em protestos no Marrocos e no Nepal, países que também registraram manifestações lideradas pela Gen Z.