O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ironizou neste domingo, 3, as críticas à aprovação de uma reforma na constituição que permite a reeleição para o maior cargo executivo de forma indeterminada. Para a oposição, o projeto significa o “fim da democracia” no país da América Central.
Segundo Bukele, “90% dos países desenvolvidos” permitem a reeleição indefinida de seu chefe de governo. “Mas quando um país pequeno e pobre como El Salvador tenta fazer o mesmo, de repente é o fim da democracia”, escreveu ele nas redes sociais.
Uma reforma constitucional que permite a reeleição ilimitada foi aprovada na sexta-feira, 31, pelo Congresso, formado por uma maioria que apoia o presidente Bukele. A tramitação aconteceu de forma acelerada.
O presidente salvadorenho de 44 anos foi reeleito em 2024 com 85% dos votos. Sua popularidade se deve às políticas de guerra contra as gangues, iniciadas em 2022 e que ajudaram a reduzir drasticamente os elevados índices de violência do país. Filiado ao partido populista de direita Nuevas Ideais, Bukele usou sua popularidade para conquistar apoio quase absoluto no congresso.
Sua atuação contra as gangues, no entanto, atraíram críticas de grupos que atuam em defesa de direitos humanos. De acordo com organizações como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch (HRW), o sucesso das ações se baseia em um regime de exceção que permite detenções em massa sem ordem judicial, restringe as liberdades individuais e tem feito com que jornalistas e opositores busquem exílio fora do país.
Leia o post de Bukele, feito em inglês na plataforma X (ex-Twitter), na íntegra:
“Noventa por cento dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida do seu chefe de governo, e ninguém se importa. Mas quando um país pequeno e pobre como El Salvador tenta fazer o mesmo, de repente é o fim da democracia.
Claro, eles se apressaram em apontar que “um sistema parlamentar não é a mesma coisa que um presidencialista”, como se essa tecnicalidade justificasse a duplicidade de critérios. Mas, sejamos honestos, isso é apenas um pretexto.
Porque se El Salvador se declarasse uma monarquia parlamentar com exatamente as mesmas regras do Reino Unido, Espanha ou Dinamarca, eles ainda não a apoiariam. Na verdade, ficariam furiosos se isso acontecesse.
Por quê? Porque o problema não é o sistema, é o fato de um país pobre ousar agir como soberano.
Você não deve fazer o que eles fazem. Você deve fazer o que lhe mandam. E espera-se que você permaneça na sua linha.”