Os preços do petróleo caíram nesta terça-feira aos menores níveis desde maio, refletindo expectativas de que um eventual acordo de paz entre Rússia e Ucrânia pode reduzir distorções logísticas no mercado de petróleo, já projetado para enfrentar grande excesso de oferta em 2026.
O barril de Brent caiu quase 3%, para US$ 58,81, atingindo seu menor valor desde 5 de maio. O preço internacional de referência não fechava abaixo de US$ 60 desde o início da pandemia de Covid-19. Nos Estados Unidos, o West Texas Intermediate (WTI) recuou 3%, para US$ 55,09, patamar mais baixo desde o início de 2021.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na segunda-feira que um acordo para encerrar a guerra na Ucrânia está “mais próximo do que nunca”, embora autoridades europeias alertem que questões territoriais ainda precisam ser resolvidas.
Analistas destacam que qualquer avanço na negociação teria impacto imediato no mercado, ao permitir que o petróleo russo volte a seguir padrões logísticos históricos, atualmente alongados devido às sanções.
Segundo o Morgan Stanley, dezenas de milhões de barris poderiam voltar ao mercado, talvez até algumas centenas de milhões, caso as rotas longas deixem de ser necessárias.
Especialistas, porém, alertam que o mercado pode estar antecipando os efeitos do acordo.
A consultoria Energy Aspects disse não esperar um “acordo de paz rápido”, mas qualificou as negociações como o maior fator geopolítico incerto para o mercado de petróleo, especialmente no período de Natal e Ano Novo, quando o volume de negociações é tradicionalmente baixo.
O recuo atual se soma a uma tendência de queda sustentada. O Brent acumula cinco meses consecutivos de perdas, sua maior sequência negativa em 11 anos, e caiu quase US$ 20 por barril em 2025, em meio a temores de excesso de oferta global.
A produção mundial aumentou em 3 milhões de barris por dia neste ano, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), impulsionada por países da Opep e fora do bloco, incluindo EUA, Canadá, Brasil e Argentina.
Apesar da Opep ter ajustado seus planos de crescimento e da redução da oferta em novembro devido a sanções contra Rússia e Venezuela, a IEA projeta um excedente médio de 3,7 milhões de barris por dia em 2026, ainda maior que o observado durante a pandemia.