Combate à fome, à desigualdade e às mudanças climáticas são os desafios perseguidos pelas 200 reuniões organizadas pela cúpula da COP30, durante o último ano. Nesse tempo, foram muitas as discussões na busca de caminhos sustentáveis que coubessem na realidade de cada país, mas a solução sempre esteve ali, no centro da plenária, colocada de forma cenográfica. Para lembrar que a resposta está na natureza, aos representantes de 67 delegações da Pre-COP, encontro realizado em Brasília, nos dias 14 e 15 deste mês, foi montada uma mini floresta de 110 metros quadrados, no meio da plenária. Em volta dela, uma grande mesa octogonal, para 64 pessoas, ressaltada por uma iluminação de seis canhões de cor branca e verde. Apesar de não ser uma obra assinada, a cenografia não deixou nada a dever a qualquer grande produção de espetáculo.
Centenas de mudas grandes, formaram um jardim bem exótico, com espécies coloridas e tropicais. Café, urucum e os frutos das palmeiras buritis deram o tom vermelho. Já as grandes e exuberantes folhas da taioba –parecidas com as dos antúrios gigantes – e as costelas de Adão fizeram lembrar os famosos jardins de Burle Marx, que sempre preferiu a diversidade de texturas e formas das plantas tropicais às espécies europeias. Havia também os intrigantes cachos de açaí, verdadeiras esculturas verdes, que formam uma espécie de cabeleira de gominhos, tão desconhecido da maioria dos participantes –até mesmo de alguns brasileiro,s que conhecem apenas a fruta processada e congelada. “Nossa equipe sempre buscou transmitir mensagens importantes através da cenografia dos eventos”, explicou o embaixador Carlos Villanova, coordenador da logística da cúpula do clima de Belém. Abaixo, um passeio pela plenária da Pre-COP.
O simbolismo é uma ferramenta muito bem explorada em todos os grandes eventos. A mesa para receber os representantes do G20, fórum que reúne as 19 maiores economias do mundo, realizada em novembro no Rio de Janeiro, foi projetada no formato de uma elipse de madeira. O espaço vazio no centro dela, havia plantas comestíveis, conectando o combata à fome com preservação ambiental. “No ano passado, a organização da COP30, levou para o Galpão da Cidadania, plantas do Morro da Providência, onde surgiram as primeiras moradias populares, chamadas de favelas”, conta Villanova. A região recebeu os soldados Guerra de Canudos, que no fim da batalha sangrenta ficaram sem eira, nem beira. O Galpão ainda fica perto do Valongo, cais que recebia os escravos. Como será a cenografia da COP30? Haverá novamente uma mini floresta, mas com espécies amazônicas, além de intervenções de artistas regionais, que Vilanova ainda faz segredo. Mas com certeza o cenário vai ajudar os líderes a se conectarem com os chamamentos do meio ambiente.