O post do presidente norte-americano Donald Trump a favor de Jair Bolsonaro é a melhor notícia do ano para Lula da Silva. Ao defender um Bolsonaro prestes a ser condenados a algumas décadas de prisão, o presidente que ameaça o mundo com alta de tarifas deu a Lula a exclusividade ser o representante de um sentimento nacionalista. Eleições recentes no Canadá e na Austrália mostraram como o apoio de Trump é tóxico.
Quanto menos Trump aparecer, melhor para a oposição. Pesquisa da Genial/Quaest mostrou que desde a posse de Trump a percepção sobre positiva sobre os Estados Unidos caiu de 58% para 44%, enquanto a negativa subiu de 24% para 41%. Trump é pessoalmente rejeitado por 43% dos brasileiros, incluindo os eleitores de Bolsonaro.
No texto, Trump, que nunca foi julgado por ter estimulado a tentativa de melar a eleição de Joe Biden em 2021, diz que “o único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil – é chamado de eleição. DEIXE BOLSONARO EM PAZ!”. O efeito desse post no andamento do julgamento no STF é nulo.
Com a popularidade em baixa e minoritário no Congresso, Lula precisa de um discurso que unifique o seu campo político. Os vídeos e memes dos ‘ricos x pobres’ aumentaram o engajamento na esquerda as redes sociais, mas no médio prazo dificultam as negociações do governo no Congresso. Ser o oposto a Trump, no entanto, tem um custo político baixo.
Num país polarizado, pequenos gestos importam. Tanto Lula como o antipetismo, no mínimo, 45% dos votos em um eventual segundo turno. Os 10% que decidem a eleição podem ser movidos por questões conjunturais, como a inflação, ou conceitos mais genéricos, como a foi a defesa da democracia em 2022 que ajudou a vitória de Lula. Para 2026, faltava a Lula um ponto de diferenciação com a oposição. Trump pode ter dado a Lula essa oportunidade.