Após uma semana de debate público nos Estados Unidos sobre a mais recente campanha da marca American Eagle, estrelada pela atriz Sidney Sweeney, a Casa Branca deu seus dois centavos sobre o assunto. O diretor de comunicação Steven Cheung afirmou via X, antigo Twitter, que as represálias da esquerda contra a propaganda são um “grande motivo que fez americanos votarem como votaram em 2024”. O porta-voz caracterizou a reação como exemplo da “cultura do cancelamento desenfreada” e a mentalidade por trás das críticas como “deturpada, imbecil e estúpida”. “O povo está cansado dessa besteira”, concluiu.
Cancel culture run amok. This warped, moronic, and dense liberal thinking is a big reason why Americans voted the way they did in 2024. They’re tired of this bullshit. pic.twitter.com/He7Ji6O3VF
— Steven Cheung (@StevenCheung47) July 29, 2025
A campanha em questão mostra a sex symbol da Geração Z vestida da cabeça aos pés em jeans e carrega o slogan “Sidney Sweeney has great jeans”, que, no inglês, estabelece um trocadilho entre a calça e a palavra “genes” a fim de exaltar a beleza da loira. Acontece que, em certos materiais, o roteiro é mais enfático: “Genes são passados de pai para filho, normalmente determinando traços como cor do cabelo, personalidade e até a cor do olho. Meus jeans são azuis”, diz ela enquanto a câmera foca em seus olhos claros. Em outro vídeo, a atriz é vista riscando a palavra “genes” e a trocando por “jeans”.
Para muitos dos espectadores, o material ultrapassou o limiar da objetificação aceitável. Ao estabelecer paralelo entre os olhos azuis e os jeans que a marca quer convencer o público a desejar como os melhores do mercado, a publicidade esbarrou em acusações de eugenia e supremacia branca. Popularizada em meados do século XIX e exercida ao máximo pelo nazifascismo, a eugenia acredita que a raça humana pode avançar de acordo com a manipulação genética, teoria que leva seus seguidores a buscar a “pureza racial”, ideal que costuma favorecer o fenótipo ariano — loiro de olhos claros — e subjugar etnias avessas ao padrão europeu como intelectual e biologicamente inferiores.
O material ambíguo estrelado pela atriz se tornou mais polêmico ainda por conta da guerra cultural que assola o Estados Unidos, travada por Trumpistas e seus detratores. Logo, elogios se acumulam em proporção às críticas, aclamando a American Eagle por jogar fora supostas campanhas “woke” do passado, estreladas por modelos plus-size e racialmente diversas. “Precisamos de garotas gostosas de volta nas propagandas e das feias de volta aos porões de boca fechada”, exclama uma conta dedicada ao presidente na rede X, antigo Twitter.
Até o momento, nem a marca, nem Sweeney se pronunciaram sobre as queixas enquanto a polêmica infla o engajamento de ambos. No YouTube, um dos comerciais acumula mais de 1,6 milhão de visualizações. No Instagram, os vídeos curtos passam de 5,7 milhões e, no TikTok, se aproximam dos 12 milhões de views. No dia 27 de julho, a marca divulgou mais fotos da campanha estreladas por uma modelo negra.
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